A Bélgica aceitou o que a Rússia lhe ofereceu

Belgas entram a ganhar no Euro 2020, triunfando em São Petersburgo por 3-0 graças a um aproveitamento total das fragilidades defensivas dos russos.

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Lukaku marcou dois dos três golos da Bélgica Reuters/EVGENIA NOVOZHENINA

Durante a tarde, Christian Eriksen caiu inanimado em Copenhaga e temeu-se o pior, mas tudo correu pelo melhor com o jogador dinamarquês. E o futebol continuou, tanto na capital dinamarquesa, como em São Petersburgo, onde a Bélgica teve uma entrada tranquila no Euro 2020, batendo a Rússia por 3-0 na jornada de abertura do Grupo B. Lukaku e Meunier marcaram os golos dos “diabos vermelhos”, que tiveram o benfiquista Jan Vertonghen como titular e capitão, aproveitando em pleno o enorme défice defensivo da equipa russa.

Quando a bola começou a rolar em São Petersburgo, já se sabia que Eriksen estava consciente e a falar. Mas o que sucedera ao jogador nórdico por certo estava na cabeça dos 22 jogadores e de um em especial, Romelu Lukaku, avançado belga e companheiro de Eriksen no Inter Milão. Foi a ele que Lukaku dedicou o golo que marcou logo aos 10’, depois de aproveitar uma falha tremenda de Andrey Semenov. A bola nem sequer ia com perigo, mas o central russo atrapalhou-se com ela e deixou-a passar. Lukaku estava acampado na área e em fora-de-jogo, mas, como a bola veio de um adversário, o golo foi validado.

Chris, I love you”, foi o que Lukaku disse na direcção da câmara mais próxima depois de ter marcado o seu 61.º golo com a camisola da selecção que ocupa o primeiro lugar do ranking da FIFA. Uma dedicatória sentida na direcção de um colega e amigo com que partilhou a conquista da Série A italiana nesta temporada.

Isto era a Bélgica a limitar-se a aproveitar a tremenda fragilidade russa no seu sector defensivo, composto por centrais pouco seguros, laterais melhores a atacar que a defender e um guarda-redes longe de ser um herdeiro digno na excelência russa e soviética na posição. Uma excepção ao domínio inicial da Bélgica foi um cabeceamento perigoso de Mário Fernandes, aos 14’, mas o remate deste brasileiro nascido em São Caetano do Sul morreu nas mãos de Courtois.

Depois desta “anomalia”, voltou o domínio belga e o disparate russo. Aos 18’, novo erro de Semenov, que deixou a bola nos pés de Lukaku e o avançado do Inter foi sozinho a correr até à área. Não conseguiu espaço para o remate, mas ainda conseguiu fazer o passe atrasado para Dendoncker, que atirou por cima.

Lukaku em forma

O plano ofensivo da Rússia era apenas um, aproveitar a torre Dzyuba na frente e esperar que ele resolvesse. Ganhou umas bolas no ar e pouco mais. O da Bélgica era esperar pelo erro. E aos 33’, depois de uma defesa incompleta de Anton Shunin, Meunier, que tinha acabado de entrar para o lugar do lesionado de Castagne, fez o 2-0.

O jogo nunca fugiu a esta tendência. A Bélgica nunca perdeu o controlo e a Rússia nunca esteve perto de fazer alguma mossa ao seu adversário. E, já perto do final, Lukaku deu outro volume ao resultado, fazendo o 3-0 aos 88’, numa boa arrancada que apanhou a defesa russa completamente fora de posição. Foi o seu segundo golo da partida, que o coloca, pelo menos por um dia, na liderança da lista dos melhores marcadores do torneio, para além de provar a sua incrível forma nos jogos com a selecção belga – marcou 23 golos nos últimos 20 jogos, tendo ficado em branco apenas em cinco.

Já depois do jogo, o avançado belga diria que, apesar da vitória e da sua excelente exibição (foi eleito o homem do jogo), só pensava no seu companheiro dinamarquês. “Foi difícil jogar, só pensava no Christian, dedico-lhe esta vitória. Chorei muito, fiquei assustado. Vivemos muita coisa juntos, passo mais tempo com ele do que com a minha própria família.”

A Bélgica entra tranquila com uma vitória robusta e fê-lo sem Kevin de Bruyne (lesionado) e sem um contributo significativo de Eden Hazard (que foi suplente utilizado), o que diz muito da qualidade e das aspirações da equipa de Roberto Martínez neste Euro 2020. Quanto à Rússia, com uma defesa assim, dificilmente irá escapar à eliminação na fase de grupos.

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