Chiu! Em Evil Below, o silêncio é uma das chaves para chegar ao fim

A forma como o utilizador respira e o barulho que faz são chave para a experiência em Evil Below, o videojogo eleito como o melhor de 2020 pela PlayStation Talents.

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O jogo desenrola-se em ambientes envoltos em nevoeiro Fire Raven Studios

No videojogo de terror português Evil Below, a respiração dos utilizadores, a forma como comunicam e o barulho que fazem, são parte da narrativa e ditam o desenlace. O objectivo é ajudar uma jovem rapariga que acorda, confusa, a escapar de uma floresta sem fim à vista. O videojogo, que foi eleito o melhor de 2020 em Portugal pela PlayStation Talents, utiliza o microfone para captar o ruído dos jogadores e torná-lo parte da aventura. Foi desenvolvido pelo programador Fábio Barbosa e pelo artista 3D José Ortega.

Se o barulho for demasiado, o inimigo chega mais depressa. Se o utilizador estiver desatento aos sons à sua volta, pode cair em armadilhas. 

A ideia para o jogo, explicou a dupla de criadores ao PÚBLICO, partiu da vontade de usar o barulho captado pelos microfones dos utilizadores dentro da experiência. Em parte devido ao aparecimento de comandos como a DualSense, da PlayStation, que já vêm com microfone incorporado. 

“Nós desenvolvemos bastantes protótipos que utilizam a voz de maneiras diferentes. Uma das possibilidades era usar [ um mecanismo para reconhecer] as palavras que o jogador diz para completar puzzles e afastar inimigos com ‘encantamentos’”, partilhou com o PÚBLICO Fábio Barbosa. “Eventualmente desenvolvemos o protótipo que utiliza o ruído para completar puzzles e alertar inimigos por perto.”

O conceito de usar o som como parte dos videojogos já foi explorado no passado: por exemplo, nos anos 1990 o videojogo para computador Myst tinha um quebra-cabeças em que vários barulhos (comboios, água, relógios) funcionavam como pistas para perceber o código para abrir a porta. 

Só que em Evil Below, os jogadores com deficiências auditivas não ficam excluídos. A equipa está a tentar utilizar a tecnologia háptica (que simula a sensação de tacto) do DualSense para ajudar o utilizador a perceber a localização dos inimigos. Com a vitória do concurso, que foi criado para destacar projectos portugueses na área dos videojogos, os criadores vão ter 10 mil euros para expandir o jogo e vão poder promovê-lo na rede PlayStation Networks. 

Apesar de os videojogos serem uma das indústrias culturais que mais dinheiro movem em todo o mundo, em Portugal o sector ainda passa despercebido.

“Em Portugal, apesar de vários estúdios estarem em constante crescimento, conseguir investimento dentro do país é uma tarefa muito complicada. Achamos que esse é o maior desafio para desenvolver videojogos em Portugal”, admite Fábio Barbosa. De momento, a missão é aproveitar o destaque para continuar a “crescer” e “dar tudo no Evil Below.

Quem quiser experimentar a primeira versão de Evil Below, pode aceder a uma demo gratuita na plataforma de videojogos Steam (Mac OS e Windows).

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