Com “praia e tranquilidade”, Cabo Verde quer atrair quatro mil nómadas digitais

Sol, praia, hospitalidade, tranquilidade e uma ligação garantida à Internet de alta velocidade, para “trabalhar enquanto aprecia a beleza natural do país”, são argumentos apresentados na campanha.

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LUSA/FERNANDO DE PINA

Cabo Verde quer atrair quatro mil trabalhadores estrangeiros para trabalhar remotamente a partir do arquipélago. O programa chama-se Nómadas Digitais e é uma das estratégias para reinventar o turismo durante a pandemia de covid-19. “Pretende-se, no espaço de três anos, captar quatro mil clientes que passarão a viver em Cabo Verde por longas estadas (seis a 12 meses), de onde passarão a trabalhar, juntando o trabalho ao lazer e permitindo injectar dinheiro nas economias locais”, aponta o executivo, no programa do Governo.

O Governo afirma que “desenvolverá o empreendedorismo jovem no sector do turismo associado às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), como é o exemplo do Projecto Reinventa Turismo, e que “estimulará e incentivará” o programa Nómadas Digitais.

A Lusa noticiou no final de 2020 que Cabo Verde pretende seduzir cidadãos europeus, americanos e de países de língua portuguesa para trabalharem remotamente a partir do arquipélago, através de um programa que permite estadias de seis meses com um visto temporário de trabalho.

O programa Remote Working Cabo Verde surge quando o arquipélago, sem turismo praticamente desde Março de 2020, tenta relançar o interesse internacional como destino de sol e praia, reforçado pela conjuntura segura face à pandemia, depois do reforço da capacidade laboratorial de despiste da doença e já com unidades de saúde certificadas internacionalmente. Lançado oficialmente pelo Governo cabo-verdiano em Dezembro, o programa consiste num visto temporário de trabalho com a duração de seis meses, com possibilidade de renovação por igual período, num custo total por pessoa de 54 euros, prevendo isenção do pagamento de imposto sobre o rendimento para os trabalhadores independentes que se fixem no arquipélago em teletrabalho.

Sol, praia, hospitalidade, tranquilidade e uma ligação garantida à Internet de alta velocidade, para “trabalhar enquanto aprecia a beleza natural do país”, são argumentos apresentados na campanha no exterior, consultada pela Lusa e que é válida para trabalhadores independentes e respectivas famílias.

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Ilha de Santo Antão Reuters

O programa, cujas candidaturas podem ser apresentadas online, destina-se apenas a cidadãos de países da Europa, América do Norte, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Obriga, além de um teste negativo para a covid-19 para entrar no arquipélago, à apresentação de prova de rendimentos, nomeadamente um saldo médio bancário de pelo menos 1500 euros nos últimos seis meses, para um visto individual, e de 2700 euros para um visto de família.

Com a aposta em curso, anterior à pandemia, num hub tecnológico no arquipélago, e tirando partido da localização estratégica entre África, Europa e América, o ministro do Turismo, Carlos Santos, garante o objectivo de juntar as vantagens competitivas de Cabo Verde: “Ou seja, será a economia digital a dar cartas numa altura em que trabalhar fora dos escritórios começa a ser uma realidade e ganha maior importância, devido à condição de distanciamento e de não-aglomeração de pessoas”.

Cabo Verde registou em 2019 um recorde de mais de 819 mil turistas, mas essa procura caiu mais de 70% em 2020, devido às limitações impostas internacionalmente para travar a transmissão do novo coronavírus.

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