Bugatti revela o La Voiture Noire acabado, mas não desvenda quem o comprou

É tido como o automóvel novo mais caro de sempre, tendo sido vendido a um entusiasta da marca por pelo menos 11 milhões de euros — antes de impostos.

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Foi criado para ser o carro mais exclusivo do mundo, e nada na sua concepção foi feito à toa. A começar pelo facto de existir uma única unidade, terminada mais de dois anos depois da apresentação do seu protótipo a Genebra e que terá sido vendida por um valor recorde para um carro novo: 11 milhões de euros, antes de impostos. 

A Bugatti descreve-o como “uma escultura de cortar a respiração, perfeita na forma e inteiramente em preto”, considerando o La Voiture Noire uma peça de alta-costura, cujo destino, a partir de agora, é uma incógnita.

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Em 2019, houve rumores de que o proprietário poderia vir a ser Cristiano Ronaldo, mas a tese de que teria sido Ferdinand Piëch, neto de Ferdinand Porsche e o homem-forte do grupo VW das últimas décadas, a adquirir o modelo acabou por vencer. Até à morte deste, em Agosto do mesmo ano, sem que ficasse claro se o negócio teria sido concretizado ou não. A dúvida voltou então a instalar-se: faria o La Voiture Noire parte do espólio do austríaco ou teria acabado por voltar ao mercado? A segunda hipótese conduz-nos a um príncipe saudita, com vários Bugatti na garagem. É que no Instagram de Badr Bin Saud, uma espécie de galeria de carros ultraluxuosos, não têm faltado imagens do La Voiture Noire…

Seja como for, o mais certo é pairar sempre a dúvida sobre o paradeiro do automóvel, algo que contribui para a construção do mito, ou não fosse o La Voiture Noire inspirado no lendário Type 57 SC Atlantic coupé homónimo, baptizado pelo filho de Ettore Bugatti, Jean. Daquela série, apenas quatro unidades foram produzidas, todas desenhadas pelo próprio Jean. Mas o exemplar que o jovem escolheu para pintar de preto integral parece ter evaporado. Há rumores de que terá andado por ali ou por acolá. A informação mais fidedigna coloca-o, em vésperas da invasão da França por parte das forças de Hitler, a ser enviado de Molsheim para Bordéus. Mas não só não chegou ao destino como nunca mais foi visto, havendo ainda quem se dedique a uma caça ao tesouro, acreditando que o modelo estará escondido algures.

Histórias que só servem para apimentar a aura de automóveis que estão longe de ser meios de transporte, aproximando-se de obras de arte da engenharia e do design. E a Bugatti não é modesta: “Com o La Voiture Noire finalizado, estamos a demonstrar mais uma vez que desenvolvemos os carros hiperdesportivos mais sofisticados do mundo”, avaliou o presidente da marca francesa, Stephan Winkelmann, citado em comunicado.

O La Voiture Noire é um coupé minimalista, muito parecido com o Atlantic de Jean Bugatti na altura, graças à redução ao essencial. Afinal, os criadores reinterpretaram o espírito do veículo histórico e desenvolveram uma forma estilística específica. Por exemplo, a carroçaria apresenta um acabamento em fibra de carbono, com um revestimento transparente conhecido como Black Carbon Glossy, que tem a particularidade de anular os reflexos ao mesmo tempo que aumenta o dramatismo.

E por que razão demorou tanto tempo a construir uma única unidade? É que, explica a Bugatti, cada nova peça teve de passar nos rigorosos testes e procedimentos de qualidade, com extensas simulações com testes no túnel de vento e em bancos de ensaio, e depois em pistas de e campos de provas que cobriam toda a gama de velocidades. “Embora o La Voiture Noire seja um veículo único, passámos dois anos a utilizar um veículo de teste para o desenvolver e testar em todas as áreas, como o manuseamento e a segurança de condução, para que possa ser aprovado”, explicou o chefe de projectos da Bugatti, Pierre Rommelfanger, em nota da empresa.

De acordo com o veiculado na altura da sua primeira revelação, o La Voiture Noire dá uso ao mesmo conjunto que anima o Chiron: um bloco de 8.0 litros, de 16 cilindros em W, a debitar uma potência de 1500cv e com um binário máximo disponível de 1600 Nm.

Em termos de prestações, não há dados oficiais, mas as mesmas não deverão andar longe do supercarro de 2016: 2,5 segundos de 0 a 100 km/h e uma velocidade máxima de 463 km/h (limitada electronicamente a 420 km/h, por uma questão de segurança dos pneus). As homologações em ciclo WLTP apontam para emissões de CO2 na ordem dos 505 g/km, enquanto os consumos oscilam entre os 43,33 e os 17,99 l/100km.

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