Viver entre vírgulas

Por uma questão de respeito, mandaria uma mensagem ao marido e ao filho: “Não pertenço a essa casa. Não voltarão a ver-me. Perdoem-me. Peço-vos que não me procurem. Amo-vos mas não sou feliz. Sejam felizes sem mim.”

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Anda maldisposta, irritadiça, zangada até. Não lhe apetece ver ninguém, falar, rir, ouvir alguém contar trivialidades que noutra altura seriam inócuas, mas que agora lhe elevam os níveis de aborrecimento. Não quer saber do trabalho, dos problemas dos amigos, do filho que atravessa uma fase difícil e se tornou intratável, do marido que, verdade seja dita, está sempre no fim das suas prioridades e que agora se tornou demasiado familiar e desinteressante, preferia que nem sequer existisse. Já lhe passou pela cabeça que seria bom que o marido a largasse da mão, que se apaixonasse por alguém mais novo e a deixasse envelhecer à vontade, sem pressão ou ansiedade para continuar a parecer atraente e apetecível. É que manter estas características dava cada vez mais trabalho, custava tempo e dinheiro, não tinha paciência.

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