Unionistas escolhem Paul Givan para primeiro-ministro da Irlanda do Norte

Antigo ministro e actual deputado foi nomeado pelo novo líder do DUP para ocupar o lugar de Foster, que apresentou a demissão no final de Abril.

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Paul Givan (na imagem) é um aliado próximo de Edwin Poots, o novo líder do DUP CLODAGH KILCOYNE/Reuters

O Partido Unionista Democrático (DUP) nomeou Paul Givan para o cargo de primeiro-ministro da Irlanda do Norte. O actual deputado e antigo ministro do Ambiente e das Comunidades foi uma escolha pessoal do novo líder dos ultraconservadores norte-irlandeses, Edwin Poots, para substituir Arlene Foster, que apresentou a demissão da chefia do governo e do partido no final de Abril. 

Se o Sinn Féin não colocar entraves à nomeação, Givan e os restantes nomes indicados pelo DUP para o governo irão iniciar funções a partir de segunda-feira da próxima semana. 

O partido republicano e nacionalista – que detém a vice-liderança do governo e que faz parte do sistema de partilha de poder da Irlanda do Norte – quer garantias de que Givan vai introduzir legislação para promover a língua irlandesa, depois de ter cortado o financiamento a um programa sobre essa matéria em 2017.

“Temos uma enorme tarefa pela frente. Aquilo que precisamos é de uma transição eficiente, que terá de começar na próxima semana para podermos fazer uma execução suave da governação”, afirmou Givan nesta terça-feira, definindo a recuperação económica e pandémica e as reformas na Saúde e na Educação como suas prioridades políticas.

Paul Givan tem 39 anos, é deputado desde 2010 pelo círculo eleitoral de Lagan Valley e foi assessor e conselheiro especial de Edwin Poots quando este era ministro da Agricultura. Se for confirmado, será o quinto primeiro-ministro da Irlanda do Norte desde a assinatura dos Acordos de Sexta-Feira Santa, de 1998, que puseram fim a 30 anos de guerra civil entre unionistas e republicanos.

A sua nomeação surge numa altura de grandes tensões dentro do DUP. Foster anunciou a saída da liderança do partido e do governo por causa das críticas internas à forma como geriu os desafios causados pela entrada em vigor, no início do ano, do novo sistema regulatório e comercial pós-“Brexit” na ilha irlandesa, e por outras questões relacionadas com a resposta social do executivo à pandemia de covid-19.

Prova dessa conturbação interna foi a vitória de Poots na corrida à chefia do DUP, que levou vários líderes locais e dirigentes partidários a apresentarem a demissão dos respectivos cargos, acusando o antigo ministro da Agricultura de promover uma “cultura e medo” e de fazer “bullying” a alguns membros do partido.

Para além da pandemia e das divergências com a União Europeia e com o Governo do Reino Unido – país do qual faz parte – sobre a implementação do protocolo anexo ao acordo do “Brexit” sobre as trocas comerciais entre a Irlanda do Norte e a Grã-Bretanha, o território norte-irlandês tem assistido ao regresso de focos de violência sectária nos últimos meses e ao aumento da desconfiança sobre o seu futuro constitucional a médio-longo prazo.

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