Projecção das presidenciais no Peru dá empate técnico entre Castillo e Fujimori

O candidato da esquerda, Pedro Castillo, tem uma vantagem de apenas 0,4 pontos percentuais sobre a representante da direita, Keiko Fujimori, numa contagem cuja margem de erro é 1%.

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Pedro Castillo, professor do ensino primário e sindicalista de esquerda Reuters/ALESSANDRO CINQUE
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Keiko Fujimori, candidata da direita e filha do antigo ditador Alberto Fujimori JOHN REYES

Uma projecção do instituto Ipsos Peru, divulgada na madrugada desta segunda-feira, aponta para um empate técnico entre os dois candidatos à presidência do país, com uma diferença de apenas 0,4 pontos percentuais entre o socialista Pedro Castillo e Keiko Fujimori, a filha do antigo ditador peruano Alberto Fujimori.

Apoiantes de Castillo celebraram nas ruas a notícia de que o seu candidato seguia na frente, apesar de a margem de erro (1%) ser superior à vantagem que lhe era atribuída sobre Keiko Fujimori.

Uma sondagem anterior, também do instituto Ipsos, feita à boca das urnas e apenas com base em perguntas aos eleitores, pôs Fujimori à frente de Castillo com uma vantagem de 0,6 pontos percentuais.

Por volta das 7h desta segunda-feira (1h no Peru), a comissão eleitoral peruana publicou um resultado parcial, com apenas 61% dos votos contados, que põe Keiko Fujimori à frente de Pedro Castillo (52,4% contra 47,5%). Mas as autoridades salientaram que a maioria dos votos contados diz respeito a áreas urbanas, onde a filho do antigo ditador tem mais apoio do que o candidato de esquerda.

“Temos de ter fé no povo”, disse Castillo após o anúncio dos resultados da comissão eleitoral. “Os nossos votos — os votos das províncias — ainda não foram contados.”

Horas antes, após os resultados avançados pelo instituto Ipsos, centenas de apoiantes de Castillo juntaram-se na praça central de Tacamba, no interior do país, para um concerto de apoio ao professor do ensino primário e sindicalista de esquerda, que representa um eleitorado mais rural.

“Temos de ser prudentes, o povo é sábio”, disse Castillo a partir de uma varanda na praça central de Tacamba. “O que acabámos de ouvir não é oficial.”

“Peço ao nosso povo para que defenda cada voto”, disse o candidato na rede social Twitter, numa reacção à notícia que lhe deu uma ligeira vantagem em relação a Fujimori. “Peço ao povo peruano de todos os cantos do país que vá para as ruas em paz, e que esteja vigilante na defesa da democracia.”

Apesar destas declarações, nem Castillo nem Fujimori fizeram ainda qualquer declaração de vitória. A candidata que representa um eleitorado de direita e mais concentrado nos grandes centros urbanos apelou à “prudência, calma e paz entre os dois grupos de eleitores”.

As sondagens dos últimos dias apontaram para um empate técnico entre os dois candidatos, que representam propostas radicalmente diferentes num país que é um dos mais afectados em todo o mundo pela pandemia de covid-19. Em termos proporcionais, o Peru é o país com o maior número de mortos por covid-19 (mais de 185 mil em 32 milhões de habitantes) e a sua economia contraiu-se mais de 11% no último ano.

Fujimori, de 46 anos, defende uma economia de mercado livre e tem associado a si um nome que grande parte da direita actual preferia não ter de apoiar; Castillo, de 46 anos, promete nacionalizar as principais indústrias do país e promover uma reforma da Constituição, sendo mais conservador em termos sociais do que a esquerda progressista gostaria.

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