Governo de Bolsonaro recusou vacinas da Pfizer a metade do valor pago por EUA e UE

Se a proposta da Pfizer tivesse sido aceite, as primeiras vacinas teriam chegado em Dezembro. Assim, o primeiro lote de vacinas só ficou disponível em Abril.

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O antigo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, considerou a proposta do laboratório norte-americano "agressiva" ADRIANO MACHADO/Reuters

O Governo de Jair Bolsonaro recusou, no ano passado, 70 milhões de doses de vacinas da Pfizer a metade do preço pago pelos EUA, Reino Unido e União Europeia (UE). A vacinação antecipada poderia ter evitado mortes, bem como os prejuízos económicos causados pelo confinamento, noticiou esta segunda-feira a Folha de S. Paulo.

O então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, considerou como caras as doses da vacina da Pfizer a dez dólares cada (pouco mais de oito euros), que poderiam ter sido entregues a partir de Dezembro. Comparando com outros países, os EUA e o Reino Unido pagaram cerca de 20 dólares (quase 16,5 euros) e a UE pagou 18,60 dólares (pouco mais de 15 euros).

À Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado federal, que investiga a resposta do Governo brasileiro à pandemia de covid-19, Pazuello considerou a proposta “agressiva”, salientou entraves em cláusulas do contrato e considerou o valor por dose muito elevado. A proposta foi aceite meses depois, ainda durante a gestão de Pazuello.

Para Eder Gatti, infecciologista especializado em imunização, “qualquer que fosse o preço da vacina oferecida ao Brasil, valeria a pena”, disse à Folha de S. Paulo. Fosse “pelo impacto em vidas, pelas colossais perdas de uma economia fechada ou o custo de 1500 reais [cerca ao dia 244 euros] de um paciente internado em uma UCI de covid-19”, continuou.

Recusada a oferta inicial, e com o atraso nos contratos, as doses da vacina do laboratório norte-americano chegaram apenas em Abril, oito meses depois da primeira oferta. Actualmente, apenas 11% da população brasileira está vacinada com duas doses.

O Ministério da Saúde afirmou ter reservado 30 mil milhões de reais (quase cinco mil milhões de euros) para a aquisição de 660 milhões de doses de vacina contra a covid-19. No cálculo também constam doses que ainda não foram encomendadas. Além disso, o Governo brasileiro tem pago valores semelhantes à maioria dos países. A maior vantagem para o Brasil está na compra da vacina da Pfizer por valores inferiores aos restantes países, segundo o jornal brasileiro. 

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