CDU supera com distinção o último teste antes das eleições federais

As sondagens para as eleições regionais na Saxónia-Anhalt indicavam uma disputa ao milímetro entre a CDU e a AfD, mas os democratas-cristãos venceram confortavelmente.

Foto
Reiner Haseloff vai manter-se como chefe do governo estadual da Saxónia-Anhalt FILIP SINGER / EPA

A União Democrata Cristã (CDU, de centro-direita) venceu de forma confortável as eleições no estado da Saxónia-Anhalt (Leste) este domingo, naquela que foi a última ida às urnas antes das eleições legislativas de Setembro. A Alternativa para a Alemanha (AfD, de extrema-direita), que chegou a aparecer muito próxima da CDU nas sondagens, ficou muito longe dos seus melhores resultados, de acordo com as projecções.

No estado de dois milhões de habitantes, a CDU alcançou 36% dos votos, deixando a grande distância a AfD, que terá conseguido 22,5%, segundo as projecções da Infratest. O resultado representa uma forte subida dos democratas-cristãos face ao que foi obtido há cinco anos, quando obteve 29,8% dos votos. Simultaneamente a votação na Saxónia-Anhalt vem confirmar a tendência mais geral de queda da AfD em eleições regionais – em 2016 tinha tido 24,3% dos votos.

O terceiro partido mais votado foi o Die Linke (esquerda radical), com 11%, seguido do Partido Social Democrata (SPD, de centro-esquerda), com 8,5%, dos Verdes e do Partido Liberal Democrata (FDP, direita), ambos com 6,5%. O mais provável é que a actual coligação entre CDU, SPD e Verdes se mantenha, com a posição dos democratas-cristãos reforçada e com a recondução do actual chefe de governo, Reiner Haseloff.

Apesar de frequentemente dependerem de dinâmicas locais, as eleições na Saxónia-Anhalt estavam a ser encaradas como um grande teste por serem as últimas antes das eleições federais de 26 de Setembro. Nessa medida, a vitória confortável da CDU – as sondagens atribuíam-lhe perto de 25% dos votos – traz boas perspectivas para Armin Laschet, que se candidata a chanceler pelos democratas-cristãos. As eleições para o Bundestag são as primeiras em mais de uma década em que Angela Merkel, no poder desde 2005, não participa.

O processo de escolha de Laschet foi bastante conturbado, com várias dissensões internas entre os democratas-cristãos, deixando vários analistas a questionar a coesão interna do partido rumo à sucessão de Merkel. O secretário-geral da CDU, Paul Ziemiak, disse que o resultado na Saxónia-Anhalt foi nada menos que “sensacional”. É mais um passo para o líder da CDU – cujas sondagens indicam uma queda a nível nacional em Setembro – possa acalmar os seus críticos internos.

AfD em queda

A extrema-direita tinha esperança em encontrar na Saxónia-Anhalt, um estado da antiga República Democrática Alemã, onde habitualmente tem melhores resultados, o antídoto para a sua sangria eleitoral nos últimos dois anos. As sondagens mostravam a AfD numa disputa apertada com a CDU e, numa delas, aparecia até em primeiro lugar – algo que nunca aconteceu em eleições regionais. Mesmo uma vitória do partido nacionalista e eurocéptico não lhe garantia a entrada no governo do estado federado – nenhum partido está disposto a coligar-se com a AfD –, mas seria visto como uma grande demonstração de força a três meses das eleições federais.

No entanto, a realidade mostrou que a AfD está mesmo a enfrentar um declínio eleitoral, apesar de o resultado obtido na Saxónia-Anhalt ter sido o melhor desde 2019. O presidente do partido no estado, Martin Reichardt, disse estar “bastante satisfeito” com a sua prestação. A nível nacional, as sondagens indicam que a AfD pode piorar o seu resultado e ficar em torno dos 11%.

A Saxónia-Anhalt é vista como um dos estados mais permeáveis ao sucesso do programa da AfD, com um forte pendor anti-imigração e muito crítica da globalização. Era um dos estados mais pobres aquando da reunificação e estima-se que tenha perdido mais de meio milhão de habitantes desde 1990.

O resultado modesto dos Verdes está em linha com o pouco sucesso que tradicionalmente o partido alcança nos estados do Leste da Alemanha. A nível nacional, o partido ecologista aparece nas sondagens como aquele em melhores condições para ficar à frente da CDU.

A Saxónia-Anhalt trouxe más notícias para a esquerda em geral, mostrando que a AfD continua a reunir as preferências do seu antigo eleitorado no Leste da Alemanha. O Die Linke, composto por vários quadros do antigo partido único na RDA, perdeu quase cinco pontos percentuais face às últimas eleições e o SPD dois, tendo ambos obtido os piores resultados de sempre nas eleições neste estado.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários