Neste mundo pintado a aguarela, os animais declamam poesia e soltam palavrões
Preguiças, manatins, bisontes e avestruzes são alguns dos animais que acolhem, em cor e versos, quem visita Zeppelin Moon, o mundo criado por Amber Fossey. Especializada em Psiquiatria Forense, a médica britânica tornou-se artista a tempo inteiro num processo que descreve como “uma montanha-russa”. Hoje já lançou um livro – Be Wild, Be Free (Sê Selvagem, Sê Livre, numa tradução livre para português) –, onde dá vida a criaturas que, entre a poesia e o humor, têm muito a dizer. “Eu não quero fazer arte enjoativa ou repleta de clichés fabricados. A minha arte, primeiro, tem de me fazer rir, ser algo que eu própria gostaria de ler ou pendurar na parede”, explica a artista ao P3.
Uma verdadeira “amante de bestas”, Amber pinta animais incomuns e ameaçados para ilustrar o que vai escrevendo. Entre mensagens de empoderamento e exaltação a diferentes espécies, não são raras as vezes em que a bicharada se serve de impropérios para expressar o que pensa. Apesar de, à primeira vista, as delicadas aguarelas parecerem indicadas para os mais novos e de Amber “ter o sonho de escrever e ilustrar livros para crianças”, a artista é clara: este é um livro com ilustrações para adultos. “Sou um ser humano que luta contra o stress todos os dias, como todos os outros, e que pragueja para lidar com isso. Por vezes, também praguejo na minha arte porque isso para mim é a vida real”, explica.
Inspirada pelas particularidades de cada animal, que acredita ter “o seu próprio superpoder surpreendente”, retrata também vídeos e imagens que lhe chegam através da conta que gere no Instagram. Baseando-se em cenas reais, cria e ilustra poemas e fábulas de fantasia. Apesar de considerar a rede social o seu “lugar feliz” e fonte de descoberta de diferentes espécies, para Amber basta abrir a porta da rua para entrar num mundo maravilhoso. “Mesmo que vá para o jardim e olhe para o chão, dentro de poucos minutos vejo um insecto estranho a fazer algo fantástico, que me fará apaixonar novamente pelo planeta inteiro.”
Texto editado por Ana Maria Henriques