Adeptos ingleses que estiveram no Porto recebem ordem de isolamento, entre os quais um ministro

Autoridades de saúde britânicas contactaram simpatizantes de Chelsea e Manchester City que estiveram no Porto para a final da prova europeia. Ministro Michael Gove teve contacto com um infectado, mas não cumprirá isolamento.

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Rui Oliveira

Vários adeptos que marcaram presença na final da Liga dos Campeões, realizada no passado sábado na cidade do Porto, receberam ordens dadas pelas autoridades de saúde britânicas para ficarem em isolamento. A notícia foi avançada esta quinta-feira pelos órgãos de comunicação social do Reino Unido e confirmada pelo PÚBLICO junto de adeptos dos dois clubes que estiveram presentes no estádio.

Questionado pelo PÚBLICO, o Departamento de Saúde britânico recusa avançar o número de adeptos infectados, mas sublinha a importância dos testes e isolamentos. Todos os adeptos que se deslocaram ao Porto para a competição tiveram de realizar um teste até 48 horas após o regresso ao Reino Unido, de modo a facilitar a detecção de contágios.

O The Independent diz que pelo menos cinco aviões que transportaram adeptos do Manchester City registaram casos de infecção. O PÚBLICO apurou que nem todos os que receberam estas mensagens para ficarem em isolamento viajaram em voos charters organizados pelos clubes: também adeptos que saíram do Porto fora deste circuito receberam ordens para evitarem o contacto com outras pessoas e permanecerem em casa nos próximos dias. 

Um destes adeptos estava, no momento em que a mensagem chegou, reunido com o próprio Boris Johnson. O ministro Michael Gove esteve no Estádio do Dragão e foi obrigado a abandonar uma reunião com o primeiro-ministro e restantes líderes do Governo após receber a indicação de que teria de entrar em isolamento. De acordo com a BBC, Gove vai participar num projecto experimental de testagem, onde será submetido a um teste diário à covid-19. Deste modo, conseguirá evitar o isolamento obrigatório durante dez dias. 

No Estádio do Dragão estiveram 16.500 adeptos, com 12 mil bilhetes a serem alocados exclusivamente a adeptos britânicos. Destes 12 mil, a maioria veio em voos charter organizados por Manchester City e Chelsea, que chegaram ao Porto na manhã de sábado e deixaram o país na madrugada de domingo. Contudo, nas horas que antecederam a partida, vários adeptos aproveitaram para circular livremente na cidade, muitos sem usarem máscaras e respeitarem o distanciamento social. A “bolha” prometida pelo Governo em Maio não se verificaria e as críticas sobre o comportamento destes adeptos foram generalizadas.

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte recomendou, logo no domingo, a quem participou ou frequentou espaços onde se realizaram os festejos da final da Liga dos Campeões, atenção redobrada a eventuais sintomas de covid-19 e reduza os contactos sociais nos próximos 14 dias.

Esta quinta-feira, o Reino Unido anunciou a retirada de Portugal da chamada “lista verde” de destinos para os turistas britânicos. Além de Portugal Continental, também Madeira e Açores estão abrangidos para a mudança para a “lista âmbar”, que significa maior risco de contágio para os visitantes. O secretário dos Transportes britânico, Grant Shapps, disse que viagens para os países da lista onde Portugal se vai encontrar a partir da próxima terça-feira apenas devem ser feitas em “situações de emergência”.

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