Direita democrática tem de “dar corda aos sapatos”, avisa Assunção Cristas

Ex-líder do CDS defende que a mensagem da direita moderada não está a passar, mas que é nela que estão as respostas eficazes para ser alternativa à esquerda.

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Assunção Cristas fez do CDS a segunda força política na Câmara de Lisboa em 2017 daniel rocha

Assunção Cristas quebrou o silêncio que impôs a si própria desde que abandonou a liderança do CDS para deixar dois avisos: “A mensagem da direita não está a passar” e a “direita moderada, social, democrática tem de dar corda aos sapatos para explicar que há respostas que são eficazes para ser alternativa à esquerda”.

A ex-líder do CDS mostrou-se preocupada pelo facto de a mensagem da direita democrática não estar a passar uma vez que é nessa direita, e não nos radicalismos, que o país pode encontrar “respostas eficazes” à governação da esquerda.

Nesta sexta-feira, numa entrevista ao programa Geometria Variável, da Antena 1, Assunção Cristas disse que continua a achar que “há um papel de uma direita moderada, social, democrática que deu provas, mas, claro, também ficou manchada por provas, por tempos de austeridade e dificuldade, mas que isso tudo com o espaçar do tempo pode criar novos tempos e novas oportunidades”.

Para isso – disse –, “vai ser preciso esperar, mas convém não cruzar os braços”. “Convém e espero que essa direita moderada, social, democrática dê corda aos sapatos para explicar que há respostas que são alternativas eficazes à governação à esquerda que só podem ser encontradas num espaço diferente dos radicalismos, como, aliás, o mundo prova”.

Apesar do mau momento que o CDS atravessa, a vereadora da Câmara de Lisboa aproveitou a oportunidade para puxar pelo partido que liderou, afirmando que tem pensamento. “O CDS não é vazio, tem pensamento, tem doutrina, tem inspiração (…) e isso leva-nos a dizer que é possível, em algum momento, voltar a ter um papel e uma adesão por parte das pessoas”, reiterou. “De facto, não sei quando é que isso vai acontecer, não estamos sozinhos. Há todo um contexto que se move e há outras coisas que não dependem do CDS, mas eu continuo a achar que este pode ser um momento mais difícil, mas do qual o CDS pode renascer”, vaticinou.

Assunção Cristas, que liderou a candidatura do partido à Câmara de Lisboa nas eleições autárquicas de 2017, obtendo 21% dos votos, falou da longa tradição do CDS de concorrer coligado com o PSD e que se vai repetir este ano. “Há uma realidade que torna a funcionar e que tem muito a ver com o relacionamento e dos muitos anos e de juntos episódios entre o CDS e o PSD. Isso vai mais uma vez ser visível nestas eleições e vamos ver o resultado que daqui sairá e como é que pode ajudar à construção de um caminho”, afirmou. “Continuo a achar que os dois partidos têm muito passado e podem vir a ter muito futuro e esse será melhor se cada um tiver o seu espaço e a sua identidade e o seu discurso bem construído e a conseguir chegar às pessoas”, defendeu na entrevista à Antena 1.

Regressando à direita moderada, social e democrática, Cristas cita o Papa Francisco para sugerir o que a direita vai ter de fazer para passar a mensagem. “Basta ouvir e ler o que o Papa Francisco tem dito para percebermos que há muito caminho a percorrer e estarmos atentos e quem tenha ouvidos para ouvir que oiça. Mas a verdade é que essa mensagem, por dificuldade do mensageiro ou dos mensageiros, não está a passar. E eu acho que é pena porque não há outros que o possam fazer no nosso espaço político partidário”.

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