El Corte Inglés com perdas históricas de quase três mil milhões devido à pandemia

Forte queda das vendas e provisões de 2500 milhões de euros explicam prejuízos inéditos do grupo, que vai passar a apostar mais na digitalização.

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Nuno Ferreira Santos

O gigante espanhol do retalho El Corte Inglés, presente em Portugal, registou uma forte queda de vendas no último exercício, devido à pandemia e à constituição de provisões elevadas para cobrir riscos futuros e desvalorizações de activos imobiliários. Com uma queda de quase um terço nas vendas, para 10,4 mil milhões de euros, o resultado do último exercício fiscal (que vai de Março a Fevereiro) traduziu-se em perdas de 2945 milhões de euros, avança a edição online do El País.

Trata-se do primeiro resultado negativo na história do grupo, que contrasta com lucros de 310 milhões de euros no exercício anterior.

Para as perdas apresentadas pelo grupo contribuiu o encerramento temporário de vários negócios, com destaque para o retalho especializado, mas também das agências de viagens. Mas a influenciar significativamente os números divulgados estão as provisões e as reavaliações em baixa (contabilísticas) dos activos imobiliários, nomeadamente os centros comerciais, no montante de 2500 milhões de euros. Sem estes contributos negativos, o resultado seria sempre negativo, mas em 445 milhões de euros.

A evoluir negativamente esteve também a dívida do El Corte Inglés, que aumentou 560 milhões, para 3811 milhões de euros, avança o mesmo jornal, citando um comunicado do grupo.

A queda de 31,6% nas vendas do grupo, para 10.432 milhões de euros, ficou essencialmente a dever-se à ao negócio comercial (-19%), e à divisão de viagens, cuja facturação caiu perto de 90%. Em crescimento esteve o negócio do retalho alimentar e dos seguros.

O grupo destaca como positivo o facto de ter terminado o exercício com resultados operacionais (EBITDA) positivos de 141,73 milhões de euros, 88% abaixo do ano anterior.

“É importante que com o encerramento de centros comerciais, as restrições e sem turismo tivéssemos conseguido acabar com um EBITDA positivo”, adiantou fonte do grupo ao El País, acrescentando ainda como positivo o lançamento das bases para a futura estratégia do grupo, que passa por uma maior aposta nos negócios digitais. 

Segundo a mesma fonte, as vendas online cresceram 132% no último exercício, representando 17,3% das receitas do grupo (1800 milhões de euros), o que compara com 5,8% nas contas de 2019. A empresa adianta que já é a segunda operadora de e-commerce de Espanha.

No primeiro trimestre fiscal de 2021, o grupo dá conta de uma recuperação nas vendas de artigos de moda para níveis semelhantes a 2019, mas esse crescimento não é acompanhado por todos os ramos de negócio, como é o caso das viagens/turismo.

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