“Não há um final feliz”, avisa o trailer do novo documentário sobre Anthony Bourdain

Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain acompanha o chef tornado ícone cultural, dos bastidores da sua carreira aos seus últimos dias.

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Rui Soares

Um jovem chef, uma estrela da televisão, um viajante e conversador inveterado. Este é o Anthony Bourdain que Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain começará por mostrar, segundo o novo trailer acabado de lançar. Mas tão fulgurante foi a sua ascensão cultural quanto a sua morte, por suicídio, em 2018. E o documentário que se estreia em Julho nos Estados Unidos avisa logo, na voz do próprio Bourdain: “Não há um final feliz.”

Roadrunner tem a assinatura de Morgan Neville, autor de muitos documentários do género sobre figuras como Keith Richards (Under the Influence, 2015), Brian Wilson (A Beach Boy’s Tale, 1999) ou Johnny Cash (Johnny Cash’s America, 2008). É também produtor de dezenas de títulos e conta com o Óscar de Melhor Documentário por Twenty Feet From Stardom (2015), sobre os cantores que fazem os coros das estrelas. O filme sobre Bourdain estreia-se a 16 de Julho no circuito comercial norte-americano, e chegará no mesmo dia a alguns festivais de cinema do país. Não há ainda indicação de planos de distribuição em Portugal

O novo documentário apresenta-se como um “olhar intimista e de bastidores sobre a forma como um chef anónimo se tornou um ícone cultural de renome mundial”. O percurso de Bourdain é sobejamente conhecido: o seu livro Cozinha Confidencial, de 2000, chamou a atenção, revelando um chef franco e com dotes incontestáveis de comunicador; os programas de televisão No Reservations (2005) ou Parts Unknown (2013-18 – foi durante a 12.ª temporada do programa da CNN que morreu) convenceram primeiro a América e depois o mundo. Vieram mais livros, mais entrevistas, convidados cada vez mais conhecidos ou desconhecidos.

Agora, adiciona-se mais um capítulo à sua viagem, com imagens inéditas de bastidores, vídeos caseiros e entrevistas não só com os seus colegas de produção ou restauração (como David Chang), mas também com alguns dos seus entrevistados mais marcantes, como Alison Mosshart, dos The Kills e dos Dead Weather, cujo desenho Bourdain tatuou no episódio que o levou ao encontro da cantora em Nashville, no Tennessee.

Gerador de afectos e fascínio por ser uma figura que se apresentava como acessível e “homem comum”, Bourdain foi o cicerone de programas que até podiam aliar viagem e comida, mas que eram tanto sobre o seu protagonista quanto sobre os locais e os cidadãos com com que se encontrava. Bourdain comeu porco de todas as formas em todos os países onde pôde (incluindo em Portugal), esteve com António Lobo Antunes numa casa de fados em Alfama ou com o músico Serj Tankian na Arménia e com o guitarrista Josh Homme no deserto americano. Partilhou a mesa com todos, mas “nunca foi sobre comida, foi sempre sobre o Tony aprender a ser uma pessoa melhor”, como lembra o documentário.

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