NASA anuncia duas missões a Vénus

A agência norte-americana diz que concederá cerca de 500 milhões de dólares (aproximadamente 411 milhões de euros) para o desenvolvimento de cada missão.

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Vénus NASA/JPL-Caltech

A NASA anunciou esta semana que vai lançar duas missões a Vénus entre 2028 e 2030 para estudar as características atmosféricas e geológicas deste planeta irmão da Terra e entender assim melhor qual a razão para os dois planetas serem tão diferentes. A agência norte-americana diz que concederá cerca de 500 milhões de dólares (aproximadamente 411 milhões de euros) para o desenvolvimento de cada missão – são elas a DAVINCI+ (Deep Atmosphere Venus Investigation of Noble Gases, Chemistry and Imaging) e a VERITAS (Venus Emissivity, Radio Science, InSAR, Topography and Spectroscopy).

A DAVINCI+ medirá a composição da densa atmosfera de Vénus para se entender melhor como é que evoluiu. Já a VERITAS mapeará a superfície do planeta a partir da sua órbita para ajudar a determinar a sua história geológica, revelou a NASA.

Da DAVINCI+, que consiste num veículo espacial e uma sonda, espera-se que cheguem as primeiras imagens de alta resolução de características geológicas únicas em Vénus, as chamadas “tesserae”. Os cientistas acreditam que essas características podem ser comparáveis a continentes na Terra e sugerem que Vénus tem placas tectónicas, de acordo com a NASA.

Vénus é um planeta vizinho da Terra e o segundo planeta mais próximo do nosso Sol. Vénus é semelhante em estrutura, embora ligeiramente mais pequeno que nosso planeta, e é muito mais quente. Tem uma atmosfera tóxica que consiste sobretudo em dióxido de carbono com nuvens com gotículas de ácido sulfúrico. A consequência é um efeito de estufa descontrolado que queima a superfície de Vénus em temperaturas de até 471 graus Celsius – quente o suficiente para derreter chumbo. O “ar” em Vénus é tão denso e pressurizado que se comporta mais como um fluido do que como um gás perto da superfície.

Há cientistas que acreditam que Vénus pode ter abrigado mares de água potencialmente adequados para a vida, antes de forças extremas terem provocado o seu efeito de estufa extremo, fazendo com que os oceanos vaporizassem. “Vénus é uma ‘pedra de Roseta’ para ler os livros de registos das alterações climáticas e da evolução da habitabilidade”, diz em comunicado James Garvin, cientista-chefe do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, em Maryland, nos Estados Unidos.

Ultimamente, Vénus tem recebido menos atenção científica do que Marte, o outro vizinho da Terra e onde a NASA tem uma missão de astrobiologia desde Fevereiro, a Perseverance. A última missão da NASA dedicada a Véus, a sonda Magellan (a versão inglesa de Magalhães), chegou ao planeta em 1990. Depois de quatro anos em órbita a fazer o primeiro mapa global da superfície de Vénus e do campo gravitacional, a Magellan foi enviada para a superfície para recolher dados atmosféricos antes de terminar o seu trabalho no planeta.

A DAVINCI+ irá conhecer um destino semelhante. Depois de fazer duas passagens para captar imagens das nuvens de Vénus, a DAVINCI+ irá lançar a sua sonda esférica numa descida que durará uma hora numa região montanhosa. Retardada primeiro por um pára-quedas, depois por fricção aérea, a sonda irá fazer uma amostragem da química atmosférica, da pressão e da temperatura, bem como obter imagens de alta resolução à medida que se aproxima da superfície.

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