Autocarros da Carris Metropolitana só devem começar a circular em meados de 2022

Como não foi ainda emitido o visto do Tribunal de Contas, o arranque da operação dos novos autocarros deverá ser empurrada para Maio ou Junho de 2022. Empresas vencedoras do concurso público lançado terão dez meses para prepararem a nova frota e a colocarem ao serviço.

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daniel rocha

Os autocarros que vão passar a circular nos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa (AML) sob a marca única Carris Metropolitana só deverão ser vistos nas ruas em Maio ou Junho do próximo ano. Esta nova data foi adiantada pelo presidente do Conselho da Administração da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), que será a responsável pela gestão do serviço público de transporte rodoviário. 

A data apontada como mais provável para a entrada em circulação destes autocarros, que serão idênticos em toda a Grande Lisboa, era o final do ano ou início de 2022, mas há um atraso da emissão do visto pelo Tribunal de Contas, o que deverá atrasar o arranque da operação, explicou ao PÚBLICO Faustino Gomes, à margem da conferência “Próxima Paragem: Futuro”, organizada pela Carris esta quarta-feira. 

“Como ainda não temos o visto do Tribunal de Contas, por razões que são meramente administrativas mas que temos de cumprir, está a atirar [o arranque da operação] para Maio, se tudo correr bem”, notou o presidente do Conselho da Administração da TML. 

Concluído esse procedimento, as empresas terão ainda dez meses para prepararem toda a operação (comprarem ou adaptarem as viaturas, contratar mais trabalhadores), o que empurrará o arranque da circulação dos novos autocarros para meados de 2022.

Em Fevereiro de 2019, a AML lançou um concurso público internacional no valor de 1,2 mil milhões de euros para assegurar e melhorar o serviço de transporte público rodoviário nos seus 18 municípios durante pelo menos sete anos. Este território foi então dividido em quatro lotes, com dimensões distintas, para os quais foram reformuladas ou desenhadas novas carreiras.

Depois de todos os novos autocarros a circular nas ruas — que serão cerca de 1900 para fazer o serviço em 580 linhas — a oferta do transporte rodoviário terá sido reforçada em 40% face à rede actual. No entanto, há diferenças no reforço que será feito em cada lote, sendo que o mais beneficiado será o formado pelos concelhos de Setúbal, Moita, Palmela, Montijo e Alcochete (que é também onde a oferta é mais deficitária). 

A TML integrou também a Operadores de Transportes da Região de Lisboa (OTLIS), que era responsável pela gestão do sistema de bilhética Grande Lisboa, estando assim a preparar outra mudança: o cartão Lisboa Viva será substituído pelo Navegante. Segundo Faustino Gomes deverá ser implementado antes de os autocarros começarem a circular, mas não avançou com nenhum data. 

No passado mês de Abril, na sessão de consignação do lote 1 do Plano de Expansão do Metropolitano de Lisboa, para a ligação das estações do Rato ao Cais do Sodré, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, chegou a anunciar que os primeiros autocarros da Carris Metropolitana entrariam em funcionamento já em Junho, mas Faustino Gomes diz que tal não será possível. É provável que surjam nas ruas antes de Maio de 2022, mas não antes do aval do Tribunal de Contas. 

Sobre se a pandemia poderá afectar, de alguma forma, a que algumas empresas consigam cumprir o caderno de encargos, em particular quanto ao reforço no número de novas viaturas e de recursos humanos que serão necessários, Faustino Gomes disse não ter qualquer indicação de que isso esteja a comportar dificuldades. “Temos dez meses para que eles se preparem bem. Estamos a ter um cuidado imenso de continuar a conversar com os operadores e não nos levantaram nenhuma dificuldade. Nós queríamos ter o mais cedo possível os autocarros na rua, mas até dá mais tempos para que os operadores se prepararem melhor”, notou. 

"Não há mobilidade sem transporte público"

Também presente nesta conferência, o vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa, Miguel Gaspar, lembrou a importância de ter uma rede de transporte público robusta a nível metropolitano com ligação à capital, uma vez que “dois terços das pessoas que trabalham em Lisboa ainda moram fora da cidade”. 

Quase metade dos passageiros da Carris (cerca de 40%) não são residentes em Lisboa, notou também o autarca, lembrando outros investimentos em transporte público previstos para a Grande Lisboa: o reforço da linha do eléctrico 15, explorada pela Carris, e a sua extensão do Terreiro do Paço a Santa Apolónia e de Algés até ao Jamor, e a sua ligação ao futuro metro ligeiro, o Lios – Linha Intermodal Sustentável, que permitirá, a ocidente, a ligação de Alcântara a Oeiras, fechando o anel no Jamor com o eléctrico 15, e, a oriente, a ligação de Santa Apolónia a Sacavém, já no concelho de Loures. 

“Não há futuro nas cidades sem transporte público. Não há mobilidade nas cidades sem o transporte público colectivo. É por isso que o transporte público tem de ser financiado, tem de crescer e requer investimento para estender as redes pesadas. Tem de haver uma opção política muito clara no investimento em transporte público”, frisou Miguel Gaspar. 

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