Glex Summit 2021. “As crianças têm o dom de espalhar alegria e vontade de conhecer”

Como fomentar o gosto pela ciência e pela exploração nos mais novos? Qual o papel dos Centros Ciência Viva na educação científica das nossas crianças e jovens? Rosalia Vargas, responsável por esta rede de centros, conta como é cativar os mais novos, às vésperas do Road to Glex - o roadshow científico que vai de Norte a Sul do país.

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De 6 e 10 de Julho, Portugal será ponto de encontro da elite mundial de cientistas, investigadores e pioneiros na exploração e conservação do Planeta, que se reúnem a convite do Glex Summit 2021, organizado pela Expanding World e The Explorers Club.

Mas antes do grande evento, a ciência chega aos mais novos numa espécie de roadshow. Trata-se do Road to Glex a decorrer em cinco datas de Junho, em parceria com os Centros Ciência Viva (CCV), o Turismo de Portugal e a Estrutura de Missão do V Centenário da Primeira Viagem de Circum-Navegação, que pretende levar ciência de Norte a Sul do país, dinamizando a comunidade infanto-juvenil com um programa a si dedicado, que inclui palestras virtuais com especialistas de várias áreas.

Um evento que Rosalia Vargas, Presidente da Agência Ciência Viva, define como “um aquecimento, uma preparação antes do grande summit” com paragens nos Centros Ciência Viva de Foz Côa, Alviela, Lagos, Estremoz e São Miguel. “Foi uma feliz parceria” diz, referindo-se à inclusão dos Centros Ciência Viva neste certame científico. “Todos os CCV são de grande qualidade, e muito diversos, mas percebemos que o Glex Summit queria focar a sua atenção em áreas específicas: a Arqueologia, a Exploração de grutas, os Dinossauros e a Paleontologia, o Oceano, a Biodiversidade e os Geoparques” explica. “Olhamos para os CCV no país e há sempre um centro mais especializado numa área ou noutra, e há outros que são pluridisciplinares” referindo-se ao Pavilhão do Conhecimento, do qual é directora.

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Costumamos dizer que não temos visitantes, temos participantes, tal é o convite que é feito a todos para se sentirem parte das exposições, dos módulos interactivos, e da nossa equipa." Rosalia Vargas, directora dos Centros Ciência Viva

“Costumamos dizer que não temos visitantes, temos participantes, tal é o convite que é feito a todos para se sentirem parte das exposições, dos módulos interactivos, e da nossa equipa” afirma Rosalia Vargas. “O nosso [passar de] conhecimento assenta na curiosidade, no saber mais, no perceber a história que aquelas rochas contam”, exemplifica, ao mencionar a exploração das praias, um tema que será abordado no CCV de Estremoz a 22 de Junho, por exemplo. “Desafiamos as pessoas a olhar para a Natureza como um livro aberto. Passamos a ler a Natureza de uma maneira viva.”

Levar conhecimento aos mais pequenos

O conhecimento é uma preciosidade, e sempre se disse que o saber não ocupa lugar. A sabedoria popular, neste caso, aplica-se na perfeição. “A curiosidade, a vontade de conhecer e a vontade de vencer o desconhecido faz parte de todas as dimensões dos Centros Ciência Viva” afirma a Presidente, que não tem dúvidas de que a forma de passar conhecimento científico a crianças e jovens nestes centros é feita num sentido “muito aberto, dinâmico e alargado”, e que “quem visita um Centro Ciência Viva em qualquer parte do país fica com razões para visitar todos os outros, pois são todos diferentes.” Se no Inverno os CCV se envolvem mais com escolas e alunos, no Verão, cativam pessoas de todas as faixas etárias, “a fim de incentivar ao Turismo científico, com alegria.”

Acerca dos desafios de cativar os mais novos, diz que é “a coisa mais difícil e a mais simples, também. É simples porque estamos a trabalhar com gente naturalmente curiosa, que fazem muitas perguntas, e que também são muito críticos (se não gostam, dizem logo), mas também somos tremendamente surpreendidos pelos mais novos”, dando como um exemplo um episódio que deixou a equipa dos CCV surpreendida há uns anos, a par da iniciativa Ciência Viva no Verão em Rede.

“Tínhamos um atendimento permanente, para onde as pessoas ligavam a perguntar que actividades estavam a decorrer em cada local, e um dia recebemos uma chamada na nossa Linha Azul, de uma criança com 8 ou 9 anos, que fazia as mesmas questões. E, no fim, faz esta pergunta: ‘E eu posso levar os meus pais?’ ficámos felicíssimos, porque foi uma aposta ganha. Significa que os mais novos têm uma palavra a dizer, sabem o que querem. O que eles não querem é aborrecimento, eles querem ser envolvidos nas histórias, querem participar, perguntar, ajudar. É essa generosidade enorme que os miúdos têm, e que vai até aos adolescentes (que às vezes são mais difíceis de conquistar), mas que têm causas, defendem-nas, e a causa do conhecimento é-lhes cada vez mais cara, porque envolve a biodiversidade, a saúde do Planeta, o bem-estar das pessoas, o compromisso” explica, com notável entusiasmo, Rosalia Vargas.

“Quanto às crianças, é uma aposta ganha. E é neles que tudo começa. Porque eles depois têm o dom de espalhar essa alegria e vontade e conhecer, e uma energia (que nalguns casos parece inesgotável) para envolver a família e os amigos por esse país para perceber o que há de melhor ao nível do conhecimento em muitas áreas. E os Centros Ciência Viva cumprem esse objectivo, e este summit, para nós, é um orgulho enorme”, termina. 

GLEX Summit de volta a Portugal

Depois do sucesso da primeira edição, o GLEX - Global Exploration Summit, o maior encontro de exploradores, cientistas e de investigadores dedicado à exploração científica, inovação, tecnologia e novas fronteiras, está de volta a Portugal, de 6 e 10 de Julho, com a actual exploração em Marte no topo da agenda.

A segunda edição desta cimeira internacional realiza-se de uma forma híbrida (presencial e online), com abertura em Lisboa e encerramento em São Miguel, e conta na sua programação com exploradores e cientistas como Fabien Cousteau, que apresentará o seu mais recente projeto PROTEUS - uma Estação Espacial Internacional Subaquática dedicada à pesquisa marinha de última geração, Nina Lanza, team líder da NASA que está ao ‘comando’ do Preseverence Rover na sua viagem a Marte, o astronauta Richard Garriott, novo presidente do Explorers Clube de Nova Iorque e que participou em viagens da Soyuz, e Alan Stern, astrofísico e engenheiro aeroespacial da NASA. Saiba mais sobre o GLEX Summit 2021 aqui. 

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