Rio defende “sacrifício” de proibir festejos dos Santos Populares

Líder do PSD teria permitido jogo da Liga dos Campeões, mas sem público.

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Rui Rio diz que se deveria ter aprendido a lição com os festejos do Sporting Nuno Ferreira Santos

O líder do PSD mostrou-se insatisfeito com as explicações dadas pelo primeiro-ministro sobre os festejos de adeptos ingleses no final da Liga dos Campeões, no Porto, e defendeu que não deveria ser permitida qualquer iniciativa nos Santos Populares.

Rui Rio falava aos jornalistas no final de uma visita à instituição social Ajuda de Berço, em Lisboa, em que foi acompanhado por Carlos Moedas, candidato do PSD à câmara.

“Mais vale fazermos o sacrifício de não ter Santo António e São João, e segurarmos a pandemia, do que numa noite ou duas estragarmos tudo”, afirmou, referindo que, se fosse presidente da câmara, não permitiria a instalação de quaisquer equipamentos nesses dias porque isso “atrai pessoas”. O líder social-democrata não se referiu directamente à Câmara do Porto nem quis responder às críticas de Rui Moreira, mas aquela autarquia já anunciou que vai criar três zonas de diversão na semana em que se festeja o São João, no final de Junho.

Questionado sobre se ficou satisfeito com as justificações de António Costa relativas aos festejos após a final da Liga dos Campeões, Rui Rio foi peremptório: “Claro que não. Para já, demorou imenso tempo a dar a resposta. O secretário de Estado até disse que correu muito bem, que faria se tivesse corrido mal”.

O líder do PSD assumiu que, se fosse primeiro-ministro, não teria permitido a presença de público naquele jogo tal como não foi autorizada nos jogos nacionais.

“A realização da final da Liga, sim, se fosse primeiro-ministro, mas igual aos outros jogos. É uma questão de lógica”, disse, acrescentando a sua incompreensão sobre como é que o Governo se comprometeu a controlar os adeptos ingleses e assumiu que não o conseguiria fazer com o público português nos jogos nacionais.

“Já se tinha assistido a ameaça em Lisboa com festejos do Sporting. Podíamos ter aprendido com isso. No Porto foi pior”, reforçou.

Isenções fiscais

Rui Rio foi ainda questionado sobre a aprovação no Parlamento (com a abstenção PSD) da isenção de IRC e IRS atribuída às estruturas e cidadãos estrangeiros envolvidos na final da Liga dos Campeões cuja constitucionalidade, como o PÚBLICO escreve esta terça-feira, levantou dúvidas a Jorge Bacelar Gouveia. O líder do PSD mostrou não estar “por dentro” do assunto. “Tanto quanto posso relembrar, o que foi votado é sempre votado em idênticas circunstâncias”, disse, sugerindo que o que está por trás da isenção é evitar que esses cidadãos sejam duplamente tributados.

Ao lado de Rui Rio, Carlos Moedas, por seu turno, considerou que os festejos dos adeptos ingleses no Porto retiram argumentos para fechar totalmente a porta à celebração do Santo António em Lisboa.

“Podíamos tentar fazer [celebrações] em pequenos grupos. As pessoas já não percebem. E agora que autoridade é que podemos ter para dizer que os lisboetas que não podem comer uma sardinhada com os amigos?”, questionou, defendendo a possibilidade de se avançar com alguma iniciativa associada a testagem e certificados de vacinação desde que fosse planeada com antecedência.

O candidato do PSD/CDS à Câmara de Lisboa defendeu que esse planeamento não aconteceu. “É preciso um presidente da câmara que saiba gerir com planeamento”, criticou, apontando que Fernando Medina tem actuado de “empurrão” e na “urgência”.

Sobre o anúncio desta terça-feira da proibição de arraiais populares, Carlos Moedas disse: “Não havendo esse planeamento não podemos fazer”. De qualquer forma, acrescentou, os Santos Populares não se cingem aos arraiais e também é “ir comer uma sardinhada com os amigos”.

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