Ministro do Uganda ferido em atentado que matou a filha e o motorista

Quatro atacantes em mota crivaram de balas o veículo onde seguia o general Katumba Wamala, que já foi dirigente da polícia ugandesa.

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Forças de segurança e uma equipa forense guardam e examinam o local da tentativa de homicídio contra o ministro Katumba Wamala, em Kampala ABUBAKER LUBOWA/Reuters

Um grupo armado abriu fogo esta terça-feira contra o carro onde seguia um membro do Governo do Uganda. A tentativa de homicídio contra o ministro Katumba Wamala acabou por ferir o próprio e vitimou a sua filha e o condutor do veículo, avançaram o Exército e os media locais. O ataque está a ser investigado pelas autoridades.

Quatro atacantes seguiam em motas quando dispararam contra o veículo onde viajava o general Katumba Wamala, ministro das Obras e dos Transportes, nos subúrbios de Kampala, capital do Uganda. O antigo comandante do Exército foi atingido no braço, reportou a estação televisiva local NBS. A filha do ministro, Brenda Wamala, e o motorista Haruna Kayondo não resistiram aos ferimentos.

As imagens que têm circulado na Internet mostram Wamala aparentemente em sofrimento, ao lado do carro, com as calças ensanguentadas e a pedir para ser transportado para o hospital. As autoridades policiais analisaram depois a área.

“Eu sobrevivi, mas perdemos a Brenda”, disse Wamala no hospital, em declarações à emissora NTV Uganda. “Os bandidos mataram a minha filha, mas Deus deu-me uma segunda oportunidade”, acrescentou.

Segundo uma fonte do Governo, um civil também foi atingido no incidente e transportado para o hospital.

O Presidente ugandês Yoweri Museveni condenou o ataque, acusando os criminosos e terroristas “que não valorizam a vida”. Numa publicação no Twitter, afirmou que as autoridades já tinham pistas sobre o caso e que os criminosos responsáveis iriam ser detidos.

Wamala foi dirigente da polícia do Uganda, que, ao longo dos anos, tem sido acusada de violar os direitos humanos, incluindo detenções arbitrárias e tortura de activistas da oposição. A polícia nega ter cometido os abusos.

Nos últimos anos, vários assassinatos e mortes misteriosas têm ficado por resolver no país, motivando a especulação sobre os autores dos crimes e as suas motivações. Entre as vítimas encontram-se um legislador, um promotor público e líderes muçulmanos. A maioria das mortes foi perpetrada por homens armados em motas.

A tentativa de homicídio de Wamala aconteceu no mesmo subúrbio da capital onde, em 2017, homens armados em motas dispararam contra um veículo onde seguia um responsável da polícia, Feliz Kaweesa, que morreu juntamente com o seu guarda-costas e motorista.

Para fazer frente à violência, em 2019 o Governo instalou um sistema de vigilância nas ruas principais de Kampala e de outras grandes cidades para limitar os homicídios de figuras relevantes ugandesas e outros crimes.

Mas, para muitos ugandeses, as câmaras não têm ajudado a polícia a resolver os homicídios que envolvem activistas da oposição e até cidadãos comuns.

“Isto é lamentável, porque quando vemos aqueles que são vigiados, mesmo os que estão em uniforme militar, a serem atacados, isso diz-nos que todo o país está a falhar ao nível da segurança”, disse o antigo deputado da oposição Latif Ssbagala.

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