Pelo menos 50 pessoas morreram em massacres na RD Congo

Em Março, a ONU classificou as Forças Democráticas Aliadas (ADF) como uma organização terrorista estrangeira, que já proclamou a sua aliança com o Daesh.

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Em Fevereiro, o embaixador italiano na RD do Congo morreu após um ataque ao comboio da ONU, numa região disputada por grupos armados STRINGER/Reuters

Pelo menos 50 pessoas foram mortas durante a noite em dois ataques a aldeias no Leste da República Democrática do Congo (RDC), potencialmente a maior violência a que a região assistiu nos últimos quatro anos, avançou o Barómetro de Segurança de Kivu (KST) esta segunda-feira. Os ataques foram entretanto condenados pelas Nações Unidas, cujo coordenador humanitário naquele país africano, David McLachlan-Karr, informou através de um comunicado que entre os mortos encontram-se 30 civis que se encontravam no campo para deslocados de Rubingo.

“Estes ataques são inaceitáveis. As partes em conflito devem proteger as populações civis e estes crimes não devem ficar impunes”, disse McLachlan-Karr, acrescentando que “as comunidades, já muito vulneráveis, devem poder viver em paz onde quer que estejam e regressar a casa em segurança.”​

Por sua vez, o chefe da Missão de Estabilização da ONU na RDC (MONUSCO), Bintou Keita, condenou os ataques e garantiu, numa curta mensagem na sua conta no Twitter, que “as tropas da MONUSCO estão no local”.

O Exército e um grupo local pelos direitos civis acusaram as Forças Democráticas Aliadas (ADF, em inglês), uma milícia fundamentalista islâmica, de atacar a aldeia de Tchabi e um campo de deslocados perto de Boga, outra cidade. Ambas se situam perto da fronteira com o Uganda.

Albert Basegu, o dirigente de um grupo pelos direitos civis em Boga, disse em declarações à Reuters que tinha sido alertado para o ataque com o som de gritos vindos de uma casa vizinha.

“Quando cheguei, descobri que os atacantes já tinham morto um pastor anglicano e a sua filha estava gravemente ferida”, continuou Basegu.

O grupo de investigação, que tem mapeado a violência na região oriental do Congo desde Junho de 2017, avançou no Twitter que uma das vítimas mortais era a esposa de um dos líderes locais. Mas não atribuiu a autoria dos crimes.

“É o dia mais mortífero alguma vez registado pelo KST”, disse Pierre Boisselet, o coordenador do grupo.

Segundo a ONU, estima-se que a ADF tenha matado mais de 850 pessoas em 2020, numa avalanche de retaliações sobre os civis, depois de as Forças Armadas terem começado as operações contra o grupo armado no ano passado.

Em Março, a ONU classificou a ADF como uma organização terrorista estrangeira. O grupo já proclamou no passado a sua aliança com o Daesh, embora a ONU tenha afirmado que são escassas as provas que ligam o grupo a outras redes militantes islâmicas.

No início deste mês, o Uganda anunciou que iria partilhar os serviços de informações e coordenar operações contra os rebeldes, embora não fosse enviar militares para a República Democrática do Congo.

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