Número de empregos estagna em Abril

Dados do INE apontam para travagem na tendência de retoma no mercado de trabalho. Taxa de desemprego está em 6,9%.

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Rui Gaudencio

Apesar da retirada das medidas de confinamento mais apertadas que tinham sido adoptadas no início do ano, a economia portuguesa deu no passado mês de Abril sinais de estabilização no nível de emprego, com o INE a apontar mesmo para uma subida da taxa de desemprego durante esse período.

De acordo com o INE, depois de em Março terem sido criados 27 mil novos empregos e a taxa de desemprego ter diminuído de 6,8% para 6,6% (números definitivos), em Abril o número de empregos ficou quase igual ao do mês anterior (apenas meio milhar mais) e a taxa de desemprego subiu para 6,9%, sendo identificados mais cerca de 16 mil desempregados em Portugal (números provisórios).

Em comparação com igual período do ano anterior, regista-se em Abril uma criação de cerca de 56 mil empregos, mas uma subida de 0,5 pontos percentuais da taxa de desemprego.

Desde o início desta crise, devido às circunstâncias inéditas criadas pela pandemia, a leitura da evolução dos indicadores do emprego e do desemprego publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) tornou-se mais complicada. Por um lado, o facto de as pessoas estarem confinadas fez com que tivessem mais dificuldades em, por exemplo, realizar entrevistas de emprego, podendo ficar estatisticamente registadas como inactivas, em vez de desempregadas. Para além disso, uma parte importante da população, a que foi colocada em situação de layoff , continuou a ser registada como estando empregada, apesar de estar efectivamente sem trabalhar.

Isto tem contribuído de forma muito significativa para que, apesar da recessão profunda registada na economia (2020 foi o ano da contracção económica anual mais forte do último século), a taxa de desemprego ter registado uma subida relativamente moderada, em particular no auge da crise, tendo passado de 6,3% em Março de 2020 para 6,9% em Abril deste ano.

Já o indicador do número de empregos dá uma imagem (assumindo o efeito da medida do layoff) mais aproximada daquilo que tem vindo a acontecer no mercado de trabalho português, tendo diminuído de forma brusca durante o segundo trimestre de 2020 e iniciando uma recuperação progressiva depois, que apenas foi interrompida em Janeiro deste ano com a terceira vaga da pandemia. Neste momento, a população empregada está já a um nível próximo do registado antes do início da pandemia.

Agora, a dúvida está em saber como é que irá evoluir este indicador na fase que se prevê seja de retoma do crescimento económico, mas em que alguns apoios dados às empresas (como o layoff simplificado ou as moratórias de crédito) começam a ser retirados. Existe o receio entre os economistas que uma parte significativa das empresas que têm, até agora, sobrevivido graças a estes apoios, acabe por desistir, principalmente se a actividade económica no seu sector não regressar aos níveis pré-crise.

Os dados relativos a Abril, que mostram uma travagem na criação de emprego, podem ser um sinal das dificuldades que podem estar para vir, mas que necessitam de ser confirmadas nos meses seguintes, principalmente o período de Verão, que é fulcral para sectores muito intensivos em trabalho como o do alojamento e o da restauração.

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