Salvini, torna alla tua terra”. Coimbra antifascista voltou a sair à rua

Centenas de pessoas percorreram as ruas da cidade em protesto contra a ascensão da extrema-direita.

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LUSA/PAULO CUNHA

Carla Ferreira, de 40 anos, tem a filha de quatro anos ao colo e na mão um cartaz que tem escrito “de pequenino se torce o destino”. Ao lado está o marido, acompanhado pelo filho de 11 anos e pela avó das crianças. A família está entre as largas centenas que aderiram à manifestação nacional antifascista que se realizou neste domingo, em Coimbra, assinalando o último dia do congresso do Chega na cidade e a presença do líder da extrema-direita italiana, Matteo Salvini, no encontro. "É preciso que haja memória e que as nossas crianças aprendam que é importante não voltarmos ao fascismo”, diz Carla Ferreira.

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Carla Ferreira, de 40 anos, tem a filha de quatro anos ao colo e na mão um cartaz que tem escrito “de pequenino se torce o destino”. Ao lado está o marido, acompanhado pelo filho de 11 anos e pela avó das crianças. A família está entre as largas centenas que aderiram à manifestação nacional antifascista que se realizou neste domingo, em Coimbra, assinalando o último dia do congresso do Chega na cidade e a presença do líder da extrema-direita italiana, Matteo Salvini, no encontro. "É preciso que haja memória e que as nossas crianças aprendam que é importante não voltarmos ao fascismo”, diz Carla Ferreira.

O protesto, que foi promovido por várias plataformas antifascistas, já não teve o carácter confrontacional do de sexta-feira. No primeiro dia do congresso do Chega, tratava-se de ocupar a Praça 8 de Maio, para que o partido de extrema-direita não o fizesse.

Miguel Barreira, 31 anos, é da Iniciativa Liberal – como se nota pela t-shirt que enverga - e faz questão de participar na manifestação. O seu cartaz é claro e faz uso “de uma frase do Ventura contra ele mesmo”. Diz: “Salvini, torna alla tua terra”, lê-se. “É importante sair à rua, porque os valores do Ventura não se coadunam com o liberalismo que defendo”, explica. 

Ao lado, o irmão, Mário Barreira, seis anos mais novo e do Livre, empunha outro cartaz que tem escrito “Esta bicha quer um novo 28/04/45”. Para que não seja preciso fazer muitas perguntas sobre a data, Mário fez um desenho no reverso, com uma figura pendurada pelos pés, numa alusão à execução do ditador fascista Benito Mussolini.

José António Bandeirinha, arquitecto de 63 anos, decidiu marcar presença, embora perceba “as opiniões de quem entende que estas manifestações podem ser contraproducentes”. “Mas não podemos escamotear a escalada da extrema-direita”, considera. 

Os manifestantes concentraram-se em frente ao Edifício das Matemáticas, na Alta de Coimbra, num protesto que começou a descer até à beira-rio perto das 16h, minutos depois de Salvini ter entrado no pavilhão onde estava a decorrer o congresso do Chega, nos arredores da cidade.

Com um cravo vermelho na orelha e outro desenhado em traço preto numa folha A4, Filipe Fidalgo, de 20 anos, diz que “esta é uma luta que cabe a todos”. “Não basta não ser fascista, temos de ser antifascistas”, diz o jovem de Coimbra. Sublinha que esta manifestação “não é anti-Chega. É mais do que isso”.