Direcção nacional de André Ventura eleita com a “maioria reforçada” que líder pediu

Nomes propostos pelo líder recolheram 312 votos a favor, entre 377 delegados. Foi também eleito o novo conselho de jurisdição nacional, liderado agora pelo assessor jurídico de Ventura no Parlamento.

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LUSA/PAULO NOVAIS

André Ventura conseguiu, desta vez, cartão verde do congresso à primeira tentativa para a sua nova direcção nacional: foi eleita com 312 votos a favor dos 377 delegados que votaram neste domingo de manhã no congresso e teve 36 nulos e 29 abstenções. O que significa que o apelo do presidente do partido, que disse que gostaria que o congresso lhe desse uma “maioria reforçada” para o novo mandato, foi ouvido pelos delegados.

Mas se desta vez foi bem mais fácil a André Ventura conseguir eleger a sua equipa do que na convenção de Évora - onde só à terceira tentativa conseguiu os dois terços de votos a favor que eram então exigidos -, também é certo que a mudança de nomes não foi propriamente pacífica. O coordenador autárquico Nuno Afonso (que mantém, no entanto, esta função) sai com estrondo da vice-presidência, depois de um discurso na noite de sábado em que fez questão de lembrar que este não é um partido de um homem só, ao contrário da ideia que André Ventura e as estruturas gostam de fazer passar.

“O André não esteve sozinho e é importante que isto fique bem esclarecido”, afirmou Nuno Afonso, levantando uma salva de palmas em toda a sala. “Eu estive com ele politicamente mais de 20 anos, muitos mais estiveram com ele na criação do partido (...) O Chega tem e deve ter uma identidade própria e é importante sermos claros se queremos ser Chega ou se queremos ser uma nova versão do CDS, da Nova Democracia ou de um PSD recauchutado que já nem identidade própria tem. Não podemos ter como base política projectos falhados. (...) Não contem comigo.” E rematou: “Por muito que tentem atacar-me ou desestabilizar, que me desrespeitem, garanto-vos que mesmo ferido, apunhalado e magoado não vou desistir nunca de lutar pelo meu país.” Nuno Afonso deixou o palco aplaudido pelos militantes, apenas com um menear de cabeça a André Ventura que o ouvia sentado na mesa dois metros atrás.

Deixam o cargo de vice-presidentes também o ideólogo Diogo Pacheco de Amorim (a seu pedido) que passa para liderança da comissão política nacional, e o sindicalista José Dias (do sindicato do pessoal técnico da PSP), que falhou, no entanto, a eleição para presidente do conselho de jurisdição. E para os seus lugares, cumprindo a promessa de reforço da quota de mulheres, entram Marta Trindade (a candidata do Chega à Câmara do Barreiro) e Ana Motta Veiga, que foi candidata nas legislativas pelo distrito do Porto. Pedro Frazão sobe de vogal a vice-presidente. Os três novos nomes juntam-se aos repetentes Gabriel Mithá Ribeiro e António Tanger Correia.

Esta tarde tomaram posse também os dois órgãos de nomeação directa do presidente: a comissão política nacional e o conselho de ética. No primeiro caso, trata-se de um órgão de aconselhamento de André Ventura e Diogo Pacheco de Amorim defendeu a necessidade de o Chega preparar quadros para assumir o Governo. “Para fazer como este Governo não é preciso grande preparação porque tem sido um desastre, mas quem quer assumir a responsabilidade de governar para refundar o regime e reformular as instituições” tem que se preparar.

À frente do conselho de ética mantém-se o ex-mandatário nacional presidencial de Ventura, Rui Paulo Sousa, que recebe só um novo elemento, Frederico Santana, e a restante equipa Luís Montenegro, Márcia da Silva, Pedro Marques. “Vamos continuar atentos e a evitar que certos militantes usem as redes sociais para ofenderem militantes ou órgãos do partidos.”

Para presidir ao conselho de jurisdição nacional que, como a comissão de ética, lida com os processos disciplinares dos militantes (e foram mais de 700 em menos de dois anos), foi eleita com 57% dos votos a lista de Rodrigo Alves Taxa, assessor jurídico do gabinete de Ventura no Parlamento.

O único impasse das votações deste domingo é a eleição da mesa do congresso, já que as duas listas, lideradas pelo actual presidente, Luís Filipe Graça, e a do candidato Manuel Matias (assessor do gabinete de Ventura, candidato à Câmara de Almada e ex-presidente do Partido Pró-Vida), obtiveram 180 votos a favor cada uma, e se registaram sete votos em branco e sete nulos. A votação foi repetida e Luís Filipe Graça acabou por ganhar por uma diferença de 12 votos.

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