Juízes libertam colombiano suspeito de furtar equipamento hospitalar

Arguido estava em prisão preventiva. Ministério Público sempre temeu a sua fuga, à semelhança do que sucedeu com alguns dos seus alegados cúmplices.

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Ricardo Lopes

Os juízes que têm em mãos o caso do furto de equipamento hospitalar de alto valor em vários hospitais portugueses mandaram libertar o colombiano que responde em tribunal por estes crimes, e que estava preso preventivamente na penitenciária de Lisboa há dez meses.

Luis Alejandro Nieto é suspeito de pertencer a uma rede colombiana que se dedicava ao furto de equipamentos médicos dos hospitais europeus. Normalmente roubados dos departamentos de gastroenterologia, os aparelhos eram depois enviados para a América do Sul e daí transferidos para os Estados Unidos, onde eram vendidas online na Amazon, no eBay e no Alibaba. 

Os grupos que actuaram em Portugal levaram das unidades de saúde máquinas avaliadas em perto de um milhão de euros, mas na Dinamarca, por exemplo, houve roubos que renderam de uma só vez dois milhões. Depois da sua visita, colonoscopias e outros exames médicos que tiveram de ser adiados.

Os equipamentos eram retirados das unidades de saúde durante o dia em sacos e mochilas, como é visível nas imagens de videovigilância. Embora se tratasse de aparelhos relativamente grandes, os ladrões conseguiam dobrar a sua parte mais extensa, o braço, que é flexível, para os transportarem mais facilmente. Chegavam a levar dez e 15 máquinas de uma assentada. Havia membros que fingiam doenças para poderem ter consultas e introduzir-se em áreas das unidades de saúde vedadas ao público. Chegaram a recorrer a uma mulher grávida que pediu uma avaliação médica, provavelmente para descobrir o tipo de equipamento usado.

Do Hospital Egas Moniz, em Lisboa, um daqueles onde houve exames adiados, desapareceram nove equipamentos topo de gama de endoscopia e colonoscopia, no valor de mais de 200 mil euros, em Janeiro de 2019, o mesmo tendo sucedido no Hospital do Barreiro e na CUF do Porto, saqueados em 2015, na CUF de Belém e no Hospital de Saint Louis, em Lisboa, no ano seguinte, e, mais recentemente, no Hospital de Santarém.

O Ministério Público diz que Luis Alejandro Nieto é identificável nas imagens de videovigilância, mas o seu advogado garante que tanto pode ser ele como qualquer outra pessoa, uma vez que as imagens não têm nitidez suficiente.

Certo é que até vir para Portugal ao abrigo dos acordos de cooperação judiciária internacional o colombiano se encontrava a cumprir uma pena de 32 meses de prisão pelo mesmo tipo de furtos em Itália, delitos que, aliás, confessou às autoridades. Graças ao seu bom comportamento na cadeia, foram-lhe perdoados cinco destes 32 meses, razão pela qual agora ficou em liberdade. Até ao julgamento o Ministério Público sempre pugnou pela sua manutenção em prisão preventiva, alegando elevado risco de fuga.

Aliás, vários dos seus alegados cúmplices no saque dos hospitais portugueses encontram-se neste momento em parte incerta, razão pela qual estão a ser julgados à revelia no Campus da Justiça, em Lisboa. A sentença de Luis Alejandro Nieto, que tem 58 anos e é motorista de profissão, será conhecida a 17 de Junho.

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