Covid-19: Ordem dos Médicos alerta para quebra do desempenho dos centros de saúde

Apesar dos indicadores da pandemia terem melhorado, a situação “continua na mesma”, uma vez que os médicos foram canalizados para a vacinação. ”Em vez de haver médicos e enfermeiros contratados para os centros de vacinação, são os centros de saúde que fornecem os médicos e os enfermeiros.”

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Nuno Ferreira Santos

A pandemia provocou uma quebra do índice de desempenho global na generalidade dos centros de saúde, alertou hoje a Ordem dos Médicos (OM), que atribuiu essa redução à deslocação dos clínicos para funções relacionadas com a covid-19.

“Durante a pandemia, nós verificámos que a grande maioria das unidades diminuiu o índice de desempenho global. Na maior parte dos centros de saúde, o índice de desempenho global baixou muito, algumas dezenas de pontos, fruto da pandemia”, adiantou à Lusa o presidente do conselho regional do Sul da OM.

Para aferir as razões concretas desta diminuição do desempenho das unidades de saúde familiares (USF) durante a pandemia, a OM está a realizar um conjunto de visitas, tendo já realizado deslocações ao Alentejo e a Setúbal, estando previstas para hoje mais três visitas a USF de Lisboa, Oeiras e Cascais, ao que se segue Faro no início de Junho.

Mais funções novas

“Se este indicador diminuiu, sabendo nós que os médicos de família e os centros de saúde estão a trabalhar imenso, estamos a perceber que esses médicos estão a fazer muitas funções que não eram próprias dos centros de saúde”, adiantou Alexandre Valentim Lourenço.

Segundo disse, estes clínicos estão a assegurar atendimentos a utentes com doença respiratória e a vacinação contra a covid-19, o que “significa que o que eles costumavam fazer deixou de ser feito”.

Apesar dos indicadores mais favoráveis da pandemia nas últimas semanas na generalidade do país e ao nível da pressão sobre os serviços de saúde, Alexandre Valentim Lourenço garantiu que essa situação “continua na mesma”, uma vez que os médicos foram canalizados para a vacinação.

“Em vez de haver médicos e enfermeiros contratados para os centros de vacinação, são os centros de saúde que fornecem os médicos e os enfermeiros e continua a haver médicos deslocados para o atendimento a doença respiratória”, avançou.

Situações não vigiadas

De acordo com o presidente do conselho regional do Sul da OM, o desempenho destas funções ligadas à pandemia faz com que os médicos de família “não tenham tempo para vigiar a diabetes, a hipertensão, fazer os rastreios de cancros e atender adequadamente o planeamento familiar”.

“Estas doenças vão ser diagnosticadas tardiamente e em fase mais avançada”, alertou Alexandre Valentim Lourenço. Em Portugal, morreram 17.022 pessoas dos 847.006 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde. 

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