André Silva despede-se do Parlamento, uma “experiência cívica enriquecedora”

Deputado do PAN fez, esta manhã, a última intervenção em plenário a dias de deixar o lugar de deputado.

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André Silva foi estreou-se no Parlamento em 2015 como deputado único do PAN Nuno Ferreira Santos

Foi com um breve momento aquele em que o deputado porta-voz do PAN se despediu de seis anos actividade parlamentar. Nesta sexta-feira de manhã, no último debate em plenário em que participou, André Silva disse estar na “recta final” de uma “experiência cívica enriquecedora de representar eleitores, os seus valores e mundivisão”.

Nessa altura, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, estava ausente (na reunião do Infarmed) e só mais tarde, quando assumiu a condução dos trabalhos, se referiu à despedida do deputado, deixando elogios. “Queria sublinhar a importância do seu trabalho, que foi muito meritório, e que teve consequências nas eleições anteriores. Queria saudar a sua permanente boa educação, capacidade de dialogar e estabelecer pontes com partidos, com a mesa da Assembleia da República”, disse, antecipando que André Silva “não vai ficar afastado muito tempo da política e desta casa”.

O deputado, que se prepara para deixar o cargo de porta-voz do partido, que ocupava desde 2014, retribuiu o agradecimento sobretudo no primeiro mandato quando dera deputado único do PAN, e estendeu-o aos funcionários parlamentares, que considerou “inexcedíveis”. Afirmando que não deixa “inimigos na política” mas sim “bastantes adversários”, André Silva disse ter feito “bastantes amigos” e ter construído “relações fraternas”, deixando um agradecimento especial ao líder da bancada do BE, Pedro Filipe Soares (que está ausente por licença de paternidade), pela ajuda dada quando foi se estreou em 2015 e “não percebia nada de processo legislativo”.

Recebeu palmas de todas as bancadas e só o bloquista Jorge Costa agradeceu as palavras em nome do grupo parlamentar do BE.

A intervenção de despedida incidiu sobre explorações agrícolas de regadio intensivo e o regime de avaliação de impacte ambiental. “No último debate em plenário em que tenho o privilégio de participar, trazemos a duas iniciativas legislativas que “pretendem dar resposta à voracidade de delapidação de recursos naturais em curso”, disse o deputado.

André Silva deixou críticas à falta de regras nas questões das explorações agrícolas: “Este é o retrato de Portugal, qual república dos abacates: a CAP manda, a ministra da Agricultura obedece, o ministro do Ambiente assobia para o ar, o ministro das Finanças paga para poluir”.

Com as iniciativas em debate, o PAN quer reforçar os critérios para a autorização de qualquer nova exploração agrícola de regadio intensivo e tornar mais apertadas as regras da avaliação de impacte ambiental.

Em entrevista ao Expresso desta sexta-feira, o deputado não fecha a porta a um futuro regresso, mas agora está disposto a encerrar esta fase da vida. “Em nenhum aspecto da minha vida digo nunca ou sempre. Mas, neste momento, quero genuinamente sair e fechar este ciclo pessoal e político”, afirmou.

Eleito deputado (único do PAN) em 2015, André Silva voltou a liderar a lista do partido em Lisboa nas legislativas de 2019 em que o partido aumentou a representação parlamentar para quatro mandatos. Entretanto, ficou apenas com três já que Cristina Rodrigues passou a deputada não inscrita. No próximo dia 6 de Junho, no congresso do PAN, André Silva vai passar o testemunho à actual líder da bancada Inês Sousa Real. No Parlamento será substituído por Nelson Baptista. 

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