Rui Rio: “O PSD para ser poder não tem de se deslocar para a esquerda ou direita”

Líder social-democrata diz que o diferendo com o conselho de jurisdisção “é um episódio para esquecer”.

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Rui Rio visitou esta manhã a 55.ª Capital do Móvel em Lisboa LUSA/NUNO FOX

No rescaldo de dois dias do chamado congresso das direitas, Rui Rio desvalorizou a posição ideológica do PSD no espectro político e admitiu ser difícil o seu partido e o PS obterem maiorias absolutas. 

“O PSD para ser poder não tem de se deslocar nem para a esquerda nem para a direita, tem é de ter a abertura suficiente para liderar um movimento para lá de si próprio”, disse aos jornalistas, à saída de uma visita da 55ª Capital do Móvel, em Lisboa.

O líder social-democrata admitiu que “hoje em dia para o PSD e para o PS é muito difícil conseguir maiorias absolutas”, tendo em conta a “fragmentação” partidária em Portugal e que é ainda mais acentuada na Europa.

Rui Rio lembrou que os dois partidos têm 80% dos deputados eleitos e por isso só um ou outro consegue o poder. “Sozinhos, sozinhos é difícil”, reforçou.

Questionado sobre se a direita precisa de se sentar no divã, o líder social-democrata afastou esse cenário e voltou a reafirmar o seu posicionamento político: “Não sinto que a direita ou a esquerda se tenham de sentar no divã. Direita ou esquerda diz-me pouco. Eu sou do centro”.

Nos dois dias da convenção promovida pelo Movimento Europa e Liberdade (MEL), os líderes do CDS, da Iniciativa Liberal e do Chega criticaram Rui Rio por se aliar ao PS e por fazer “o jogo da esquerda”. Confrontado com estas críticas e sobre se elas tornam as pontes entre os partidos mais fáceis ou difíceis, o líder social-democrata desvalorizou.

“Se eu fosse para lá criticar os outros, as pontes seriam mais difíceis, mas eu fiz o que fiz cada um faz o que entende”, respondeu. Os jornalistas perguntaram ainda se ficou mais isolado. “Isolado eu? Não, porquê? A diferença de potencial de votos e de eleitorado é brutal do PSD relativamente aos outros”, afirmou.

Quanto à presença do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho nos dois dias de trabalhos, o actual líder do partido afirmou ter gostado “sinceramente” de se ter cruzado com o seu antecessor e disse achar perfeitamente normal a sua participação na convenção.

Relativamente ao diferendo entre a direcção do partido e o conselho nacional de jurisdição (CNJ), Rui Rio considerou que o comunicado emitido ontem encerra o assunto. O comunicado criticava o CNJ por prejudicar o partido com “perturbação estéril e desnecessária” ao acusar o presidente do partido, Rui Rio, e o líder parlamentar, Adão Silva, de violarem os estatutos do partido por não terem dado seguimento a uma moção aprovada em Congresso que pedia um referendo sobre a eutanásia. O presidente do CNJ reagiu através de um outro comunicado, acusando a direcção de um “inaceitável à honorabilidade e qualidade” dos membros do órgão, que é uma espécie de tribunal interno.

Questionado pelos jornalistas, Rio disse não querer “alimentar” o assunto. Não será a direcção a levar a questão ao próximo conselho nacional do partido marcado para dia 4 de Junho, garantiu apenas, dizendo que espera que os militantes falem dos “problemas do país” e das “eleições autárquicas.”

“Este episódio é para esquecer”, rematou. 

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