Combater precariedade, reforçar SNS, melhorar condições de habitação: os três compromissos de Costa

Líder do PS esteve reunido com Carlos César, a quem apresentou a recandidatura a secretário-geral do partido e a moção estratégica. Também o outro candidato, Daniel Adrião, foi recebido pelo presidente socialista.

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António Costa, líder do PS LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

António Costa foi nesta quinta-feira à tarde à sede do PS, no Largo do Rato, para ser recebido por Carlos César, presidente do partido, no âmbito das eleições internas que se realizam antes do congresso de dias 10 e 11 de Julho. O socialista, que é também primeiro-ministro, revelou algumas linhas da moção de estratégia que levará ao conclave.

“Acabo de formalizar a minha candidatura a secretário-geral do PS para o próximo mandato com base nesta moção de estratégia global: Recuperar Portugal e Garantir o Futuro. É esta a grande missão que se impõe ao PS, a todos os níveis da governação, a nível nacional e a nível autárquico”, disse António Costa à saída do encontro.

Levantando um pouco o véu, o primeiro-ministro disse que a sua moção se debruçará sobre algumas das feridas abertas na sociedade portuguesa, entre elas o combate à “precariedade, o reforço do Serviço Nacional de Saúde, a melhoria das condições de habitação” e a abertura de “horizontes de futuro para os jovens” - temas caros aos antigos parceiros da “geringonça”.

“É com este horizonte que nos apresentamos a estas eleições e com um objectivo claro: renovar a vitória do PS nas eleições autárquicas como grande partido do poder local”, disse o líder socialista, que defendeu ainda a “consolidação do processo de descentralização para os municípios e áreas metropolitanas, ao mesmo tempo que prossegue o processo de alargamento das competências das CCDR”. Quanto à “concretização da regionalização nos termos constitucionais (referendo)”, Costa atirou-a para 2024.

O primeiro-ministro referiu também que “a melhor resposta à crise não são as receitas de austeridade do PSD”, mas sim “investimento, qualificação, melhoria qualidade de vida e dos rendimentos dos cidadãos”. Assumiu ainda que a proposta do PS é muito clara: seguir em frente. “Não há razão para mudarmos o caminho.”

O líder do PS aproveitou a ocasião para lançar algumas críticas a Rui Rio, acusando-o de ser complacente com a agenda do Chega e recusando esse caminho para o PS. “O que é perigoso é quando algum partido, PS ou PSD, se deixa condicionar pela agenda política dos outros”, afirmou António Costa. Para o socialista, é isso mesmo que está a acontecer com o PSD, que se mostra aprisionado e condicionado pela agenda do partido de André Ventura.

“O PS rejeita o tipo de agenda do Chega”, sublinhou. E disse a confusão entre projectos políticos é má para a democracia. “Deve haver uma fronteira clara” e "é bom para o país que haja dois projectos alternativos”, defendeu.

O socialista acabou por comentar o congresso do Movimento Europa e Liberdade, que se realizou esta semana, para lamentar que, entre os oradores, não tenha havido um que “falasse sobre alguma coisa que dissesse respeito aos problemas dos portugueses e do país”. “Estiveram a discutir os problemas deles, o regresso de um ou de outro”, criticou.

Costa “não tem sido bom líder"

O dirigente socialista Daniel Adrião também apresentou hoje a sua candidatura à liderança para “acrescentar mais democracia” ao PS, “amolecido” pelo poder, e fez uma crítica ao seu adversário. “António Costa tem sido um bom primeiro-ministro, mas não tem sido um bom líder do PS”, afirmou Adrião, momentos depois de entregar a sua moção. 

Esta é a terceira vez que Adrião se candidata à liderança do partido e afirmou aos jornalistas que a sua moção, intitulada Democracia plena, “não é contra ninguém, não é contra António Costa”, de quem faz “uma avaliação positiva no seu exercício como primeiro-ministro”.

A sua moção é uma candidatura para “afirmar a democracia interna, a liberdade de pensamento, a liberdade de expressão, de opinião”, disse.

“O exercício do poder amolece a actividade partidária. Isso é notório no PS”, admitiu, dizendo ainda que “há uma concentração excessiva da actividade nas cúpulas do partido, na sua elite”.

Para Daniel Adrião, “o PS tem estado muitas vezes de costas voltadas para os militantes e para a sua base de apoio” que, defendeu, têm de participar nas decisões do partido, no poder, com António Costa, desde 2015. com Lusa

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