Bettiol faz vingar mais uma fuga na Volta a Itália

Simon Yates e João Almeida parecem ser os ciclistas em melhor forma no Giro e estarão certamente ao ataque na etapa montanhosa desta sexta-feira. O britânico a tentar ainda assustar Bernal, o português a tentar chegar ao top 5.

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Bettiol celebra em Itália Reuters/JENNIFER LORENZINI

Alberto Bettiol (EF) venceu nesta quinta-feira a etapa 18 da Volta a Itália. O ciclista italiano foi o último resistente da fuga do dia, fazendo vingar a décima fuga em 18 etapas. 

Num dia de pouca acção, o pelotão, tranquilo e com nada por que lutar, chegou a mais de 23 minutos do vencedor do dia. Não se fizeram diferenças significativas na classificação geral, descontando a saída de Giulio Ciccone (Trek) do top 10, depois de o italiano ter desistido da corrida em virtude de uma queda na etapa 17. De resto, Egan Bernal (INEOS) continua a liderar com 2m21s de vantagem para Damiano Caruso (Bahrain).

Para esta quinta-feira, a organização idealizou uma etapa teoricamente divertida, mas o plano saiu furado e acabou por ser aplicado o verdadeiro conceito de “etapa de transição” – ser uma “maratona” de 230 quilómetros também não ajudou.

Entre duas tiradas montanhosas, a organização desenhou um percurso maioritariamente plano e, sabendo que já poucos sprinters estariam em prova por esta altura, escolheu quatro pequenas subidas nos últimos quilómetros, para adoçar o apetite de ciclistas explosivos.

A ideia era abrir o final da etapa a vários tipos de cenário, mas o plano foi, porém, mal recebido. O pelotão não olhou para esta etapa como um desafio excitante, mas sim como uma verdadeira “etapa de transição”, boa para descansar.

Resultado: uma fuga de 23 ciclistas pôde rolar tranquilamente com uma grande vantagem para um pelotão pachorrento e cómodo.

Na frente da corrida, os ataques começaram dentro dos últimos 30 quilómetros, mas foi a ofensiva de Rémi Cavagna (Deceuninck) que mostrou maior probabilidade de sucesso. O francês, contra-relogista de excelência, não teve problema em aventurar-se sozinho, colocando um ritmo forte, como faria em qualquer “crono”. O “TGV de Clermont-Ferrand” – alcunha que fala por si – pareceu uma autêntica locomotiva a rolar sozinho e ninguém teve, inicialmente, pernas para o perseguir.

Na verdade, poucos terão ficado surpreendidos com esta movimentação, já que era quase certo que Cavagna faria um ataque à distância e que, não tendo resposta pronta, seguiria satisfeito e confiante na sua aventura solitária.

Com meio minuto de vantagem para um duo perseguidor – Alberto Bettiol e Nicolas Roche (DSM) –, parecia impossível apanhar o “comboio” francês. Mas aconteceu. Cavagna quebrou repentinamente a cinco quilómetros da meta e Bettiol pôde seguir sozinho até ao final. No pelotão, nada se passou.

Nesta sexta-feira a corrida terá muita montanha, especialmente a chegada em alto numa escalada de primeira categoria. Serão dez quilómetros com pendente média de inclinação a rondar os 10% - e com zonas a ultrapassar os 12.

Tal equivale a dizer que haverá, por certo, luta entre os principais favoritos ao triunfo neste Giro. Egan Bernal tem uma boa vantagem, mas mostrou fragilidades na última etapa montanhosa.

Simon Yates e João Almeida parecem ser os ciclistas em melhor forma e, caso confirmem esse estatuto, estarão certamente ao ataque – o britânico a tentar ainda assustar Bernal, o português a tentar chegar ao top 5.

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