Materiais mais bio para a saúde: Soluções em Biotecnologia

Na natureza encontramos exemplos fascinantes de biomateriais que aliam o design à performance, multifuncionalidade e sustentabilidade.

Desde que se estabeleceu uma definição para a biotecnologia em 1919, que a sua evolução tem sido uma constante contribuindo decisivamente para vários setores de atividade. Desde a descoberta da penicilina, à dupla hélice do ADN, passando pelo primeiro olho biónico, o mapa do genoma humano e os últimos avanços na liderança do combate à pandemia do SARS-CoV-2, indubitavelmente, os marcos mais importantes têm sido na saúde.

A tendência atual na procura de alternativas naturais reflete-se também na área dos biomateriais que, pela sua natureza, interagindo com sistemas biológicos, torna a escolha lógica. Abundantes na natureza, os seus produtos de degradação são biocompatíveis e não-tóxicos, o que os torna seguros para utilização em aplicações como dispositivos biomédicos, materiais implantáveis, dispositivos para a libertação controlada de fármacos, órgãos artificiais ou pensos inteligentes. De custo acessível e obtidos de fontes renováveis são extraídos de organismos vivos como algas, plantas, animais e microrganismos ou são por eles expressos extracelularmente.

Na natureza encontramos exemplos fascinantes de biomateriais que aliam o design à performance, multifuncionalidade e sustentabilidade. Estes materiais inteligentes estão presentes quando olhamos para gotas de água na superfície impermeável de uma pena, ou observamos a mudança de cor de um camaleão. São eventos como estes que têm inspirado investigadores a nível mundial a desenvolver materiais e terapias avançadas em áreas como o cancro ou doenças crónicas. Os biomateriais inteligentes têm a capacidade de reagir a estímulos externos, otimizando comportamentos de resposta para atingir o desempenho ideal. São exemplos sistemas de libertação controlada de fármacos baseados em biopolímeros, materiais com memória de forma, materiais piezoelétricos, materiais fotoelétricos, entre outros. Esta nova geração de biomateriais inspirados em processo biológicos constitui uma oportunidade na área da engenharia de tecidos e medicina regenerativa, criando novas expectativas para uma melhor qualidade de vida da população em envelhecimento.

Com os avanços da biotecnologia e da medicina regenerativa é essencial um realinhamento constante das questões éticas, em cenários como por exemplo o da utilização de células estaminais embrionárias. Por outro lado, estas são áreas onde é difícil chegar ao mercado e onde existe um caminho regulatório complexo, mas necessário para superar o chamado “vale da morte” entre a investigação e a comercialização na área biomédica. Para fomentar a inovação, a interação constante entre investigadores, tecnólogos e empreendedores deve estar sempre presente, sendo que aqui as Universidades devem ter um papel fundamental.

No Centro de Biotecnologia e Química Fina, da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica é no laboratório de Biomateriais e Tecnologia Biomédica do grupo de Materiais de Base Biológica e Biomédica que se integra o conhecimento em Microbiologia e em Biomateriais, numa investigação onde a busca de novas soluções em Engenharia Biomédica para a saúde e bem-estar são o foco. Aqui construímos o conhecimento, observando de forma crítica os segredos que a Natureza ainda tem para nos revelar.


As autoras escrevem segundo o Novo Acordo Ortográfico

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