Cinemateca quer fazer chegar filmes ao público mais jovem excluído das salas

A Cinemateca Portuguesa anunciou que pretende fazer chegar o programa europeu CinEd aos públicos mais excluídos através de uma plataforma digital, na qual estão disponíveis mais de dez filmes europeus, acessíveis para professores e alunos.

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Karen Zhao/Unsplash

O programa europeu CinEd, de educação e cinema para crianças e jovens, pretende chegar a novos públicos, que estão mais excluídos da experiência cinematográfica, anunciou esta terça-feira, 26 de Maio, a Cinemateca Portuguesa, coordenadora do projecto.

A Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, lidera, desde Outubro de 2020, o projecto europeu CinEd, que envolve uma dezena de países na divulgação do cinema europeu e criação de públicos, entre os seis e os 19 anos.

Na apresentação pública do CinEd, em Lisboa, o director da Cinemateca, José Manuel Costa, e o subdirector, Rui Machado, afirmaram que este é um projecto estruturante e que a candidatura à sua coordenação fez parte de uma estratégia de “posicionamento internacional da Cinemateca”.

O CinEd foi criado em 2015, sob coordenação do Instituto Francês, com financiamento do programa Europa Criativa, e é agora continuado, por dois anos, pela Cinemateca Portuguesa, à frente de um consórcio que reúne vários países europeus, entre os quais Espanha, Itália, Lituânia, Finlândia, e, pela primeira vez, Alemanha e Croácia. Portugal já fazia parte deste projecto, com a Cinemateca e a associação Os Filhos de Lumière como parceiros, mas é agora coordenado pelo instituto português.

A existência do projecto passa por uma plataforma digital, na qual estão disponíveis mais de uma dezena de filmes, entre longas e curtas-metragens, de cinema europeu, acessíveis para professores e alunos, juntamente com os respectivos cadernos e conteúdos pedagógicos.

O CinEd inclui também a formação de professores e a realização de sessões de cinema em sala. Da colecção de filmes disponibilizados fazem parte três obras portuguesas: Aniki bobó, de Manoel de Oliveira, Sangue, de Pedro Costa, e Uma pedra no bolso, de Joaquim Pinto.

Rui Machado e José Manuel Costa explicaram que pretendem introduzir novas funcionalidades na plataforma e expandir a sua utilização, para promover a inclusão social e chegar a públicos excluídos, que não têm habitualmente acesso à prática cinematográfica e à experiência do cinema em sala.

“Se têm dúvidas do impacto e da influência [de projectos destes] no futuro das sociedades, estejam numa sessão destas e vejam como as crianças e os jovens reagem, perguntam e respondem”, sublinhou José Manuel Costa.

Apesar de o projecto chegar às mãos da Cinemateca num contexto difícil e sob o forte impacto da pandemia da covid-19, que impede contactos mais presenciais entre as entidades parceiras, a direcção quer também “criar sinergias” com outros projectos de educação pelo cinema, nomeadamente o Plano Nacional do Cinema e o Plano Nacional das Artes.

Segundo a Cinemateca, o projecto CinEd conta com um orçamento de um milhão de euros, dos quais 70% são financiados pelo programa Europa Criativa e os restantes 30% pelos parceiros envolvidos.

Na primeira fase, entre 2015 e 2020, o CinEd promoveu o cinema europeu e chegou a mais de 62 mil crianças e jovens e realizou cerca de 1400 projecções de cinema.

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