Moby: “Não se podem resolver questões internas com coisas externas”

Num novo documentário, o artista fala sobre a difícil infância, o despertar para a música, o alcoolismo e o funeral da mãe — a que faltou, por estar de ressaca. “Curiosamente, a minha mãe tinha um fantástico e retorcido sentido de humor — penso que ela se teria divertido com isso.”

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Moby na gala do 35º aniversário do Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, em Março de 2014 Reuters/Jonathan Alcorn

O abuso de substâncias, o activismo pelos direitos dos animais e os altos e baixos da carreira musical são alguns dos temas do documentário sobre o músico norte-americano Moby. Através da partilha da sua história, o artista quer deixar um alerta: os problemas pessoais e os traumas não se resolvem com fama, sucesso e validação externa.

“A minha vida como músico já me levou a sítios muito estranhos”, começa por dizer Moby, no trailer do documentário homónimo — disponível a partir da próxima sexta-feira, 28 de Maio. Além de explorar a infância difícil, com “dois pais muito zangados”, percorre o percurso musical e volta ao momento em que descobriu a “magia” de misturar duas músicas. Como momento de apoteose assinala o lançamento da música Go, em 1990, correspondente ao início dos problemas com o álcool e as drogas. “Estava fora de controlo”, assegura o próprio.

Como exemplo desses momentos “fora de controlo”, Moby recorda a morte da mãe e o respectivo funeral, a que faltou. “O momento do filme em que muita gente parece estar a focar-se é quando falo sobre estar embriagado e de ressaca e ter adormecido enquanto acontecia o funeral da minha mãe”, observa, em entrevista à Reuters.

Mas, Moby ou Richard Melville Hall, o seu nome de nascimento, acredita que a mãe até acharia piada ao facto do filho ter faltado ao funeral, já que tinha um sentido de humor sui generis: “Curiosamente, a minha mãe tinha um fantástico e retorcido sentido de humor — penso que ficaria divertida com isso [de eu ter faltado ao funeral], talvez [ficasse] um pouco horrorizada… especialmente, pelo facto de estranhos me pedirem justificações”.

A mensagem que o artista quer passar tem um significado mais profundo, relacionado com a saúde mental. O álcool, as drogas, “a fama, o sucesso profissional e o materialismo” não podem servir de armadura para evitar lidar com os problemas e traumas mais sérios: “A minha máxima é: não se podem resolver questões internas com coisas externas”. Foi isso que fez Moby e garante que “não resultou”.

Esta não é a primeira vez que Moby decide partilhar a sua intimidade. Da última vez foi em forma de livro, tendo dado direito a quezílias. Na autobiografia intitulada Then If I Fell Apart, lançada em Maio de 2019, o músico Moby revelou ter tido um relacionamento com a actriz Natalie Portman há 20 anos. Moby alegou que Portman o abordou no camarim depois de um espectáculo, quando ele tinha 33 e ela 20 anos. A actriz negou, prontamente, tal relacionamento — “fiquei surpreendida por saber que ele considera o pouquíssimo tempo em que o conheci como ‘namoro’”​—, o que levou o cantor a pedir-lhe desculpa.

Em simultâneo com a estreia do documentário homónimo, o músico lança o álbum Reprise, onde revisita alguns dos seus êxitos passados como Go ou Why does my heart feel so bad. “Metade do disco é composto por canções que, se eu fosse fã de mim próprio, quereria que estivessem neste álbum”, sublinha. A outra metade são “canções mais obscuras”, que refez com ajuda de um corpo de gospel, uma orquestra e um quarteto de cordas. “O disco é particularmente interessante porque, de certa forma, eu sou a pessoa menos visível”, conclui Moby.

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