Infarmed autorizou seis ensaios para tratamentos da covid-19 em 2020. São João funciona como “centro recrutador”

Autoridade Nacional do Medicamento autorizou, no ano passado, seis pedidos de ensaios clínicos de tratamentos contra a covid-19, estando prevista a participação de 1441 participantes em Portugal.

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Rui Gaudêncio

A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) autorizou, em 2020, todos os seis pedidos de ensaios clínicos de tratamentos contra a covid-19 que recebeu, estando prevista a participação de 1441 participantes em Portugal. O Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, é uma das instituições que faz parte das investigações e estudos que testam a eficácia de diversos medicamentos contra a doença, funcionando como um “centro recrutador”, avança o Jornal de Notícias (JN) na edição desta segunda-feira.

Segundo o JN, 2020 foi o ano com o maior número de sempre de ensaios clínicos submetidos a autorização, tendo o Infarmed dado luz verde a três investigações da indústria farmacêutica e outras três de promotores académicos. Entre estes estudos, inclui-se o ensaio Solidarity, promovido pela Organização Mundial da Saúde (com 12 mil doentes de 30 países); o Recovery, da Universidade de Oxford (com cerca de 40 mil participantes); e o DisCoVeRy, do Instituto Nacional da Saúde e Investigação Médica (Inserm) francês.

O objectivo passa por estudar alguns tratamentos experimentais contra a covid-19 através do uso de fármacos anteriormente usados para tratar outras doenças, tal como aconteceu com a dexametasona (um esteróide disponível no mercado para tratamento de outras patologias), através do Recovery Trial, que acabou por ser autorizada pela Agência Europeia do Medicamento para tratar doentes com covid-19. Por outro lado, os resultados do Solidarity Trial demonstraram que o remdesivir não era eficaz no tratamento de doentes hospitalizados com covid-19, o que fez com que a OMS desaconselhasse o seu uso.

O Hospital de São João é actualmente a única instituição portuguesa que faz parte do EU Response, um consórcio europeu lançado em Julho do ano passado e coordenado pelo Inserm, que beneficia de financiamento comunitário. Ao JN, José Artur Paiva, director do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital de São João e coordenador nacional dos ensaios clínicos DisCoVery e SolidAct, explica que se trata de “uma plataforma de investigação na área das doenças infecciosas, nomeadamente nesta fase da pandemia”.

José Artur Paiva destaca ainda que o DisCoVery vai entrar na terceira fase dos ensaios, depois de terem “sido testadas terapêuticas inovadoras para a covid-19, em fase de publicação de resultados”, e que o Hospital de São João “foi um bom centro recrutador”.

O EU Response irá agora avançar para o SolidAct, um ensaio adaptável para doenças infecciosas emergentes que tem como objectivo melhorar a capacidade de resposta a crises pandémicas. Em Portugal, encontra-se na fase de submissão e “terá mais participantes do que o DisCoVery”, segundo o coordenador, que destaca as vantagens de participar nestes ensaios clínicos, incluindo gerar “conhecimento” e permitir o acesso dos doentes a “terapêutica de investigação”.

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