Ordem dos Médicos diz que “é urgente” que DGS reveja regras da vacina da AstraZeneca

Ordem considera que a opção para as pessoas com menos de 60 anos que fizeram a primeira toma com a vacina da AstraZeneca deve ser outra vacina ou haver uma revisão da limitação de idades.

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Ricardo Lopes

A Ordem dos Médicos considera que a Direcção-Geral da Saúde (DGS) “está a criar entraves ao plano de vacinação”, ao não ter tomado ainda uma decisão sobre a segunda toma da vacina da AstraZeneca no caso das pessoas com menos de 60 anos que iniciaram o esquema vacinal com esta marca.

O bastonário e o Gabinete de Crise contra a covid-19 da Ordem dos Médicos entendem “que deve ser facultada para as pessoas com idade inferior a 60 anos” que receberam a primeira dose da AstraZeneca “uma dose de vacina de RNA mensageiro após 12 semanas”. Ou, “em alternativa, reformular o limite de idade para a administração” desta vacina.

“Em qualquer dos casos, é urgente que a DGS proceda à revisão da norma actualmente em vigor em face da evidência actual de segurança e eficácia”, afirma a Ordem, num comunicado divulgado este sábado, em que afirma que “é totalmente inaceitável deixar sem alternativa muitos milhares de portugueses, com menos de 60 anos” que foram vacinados com a primeira dose da AstraZeneca.

Actualmente, esta vacina está recomendada a maiores de 60 anos, mas anteriormente a regra era que fosse administrada apenas aos menores de 65 anos. Isso fez com que muitas pessoas com menos de 60 anos iniciassem o seu esquema vacinal com esta vacina, tendo até ao momento a opção de fazer a segunda toma com a mesma marca ou esperar por estudos que garantam a segurança de combinar marcas diferentes.

É esta última opção, de um esquema misto, que a Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 decidiu recomendar à DGS, depois de ter analisado os primeiros resultados de estudos sobre a combinação de vacinas diferentes. Até terça-feira, mais de 37 mil pessoas com menos de 60 anos já tinham sido vacinadas com a segunda dose da AstraZeneca, adianta a task force.

É também a evidência científica, disponível até ao momento, que o bastonário e o Gabinete de Crise destacam no comunicado, ao afirmarem que a mesma “é claramente favorável à administração de uma vacina de RNA mensageiro 12 semanas após a administração da primeira dose da vacina” da AstraZeneca. “Esta combinação de diferentes vacinas não só demonstrou ser segura, como parece até reforçar ainda mais a imunidade contra o SARS-CoV-2.”

Ainda assim, na mesma nota, a Ordem recorda que “em vários países, nomeadamente na Alemanha, a vacina VAXZEVRIA® [da AstraZeneca] está disponível para a população com 18 ou mais anos de idade” e a “Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou a utilização da vacina VAXZEVRIA® em pessoas com idade igual ou superior a 18 anos, decisão baseada numa análise extremamente favorável da relação risco-benefício da vacina na prevenção da covid-19”. Por isso, considera que “não existe uma fundamentação sólida” para a utilização da vacina da AstraZeneca apenas em pessoas com 60 ou mais anos de idade.

Segundo a norma da DGS em vigor, as pessoas com menos de 60 anos que queiram iniciar a vacinação com esta marca podem fazê-lo, desde que “concedam expressamente o seu consentimento informado”. Para o bastonário e Gabinete de Crise, “não é cientificamente correcto, nem eticamente adequado, obrigar as pessoas a conceder expressamente o seu consentimento informado para poderem ser vacinadas, podendo esta exigência ter mesmo um efeito perverso na adesão da população à campanha global”.

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