Biden apoia cessar-fogo em Gaza, onde os deslocados já são mais de 50 mil

Apesar da posição do Presidente dos EUA, Washington voltou a bloquear uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que pedia o fim da ofensiva israelita.

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Bombardeamentos sobre Gaza não dão sinais de abrandamento MOHAMMED SALEM / Reuters

O Presidente norte-americano, Joe Biden, manifestou “apoio a um cessar-fogo” na Faixa de Gaza e apelou à protecção dos civis por Israel. No entanto, no terreno não há sinais de abrandamento dos bombardeamentos sobre o território palestiniano, onde, segundo as Nações Unidas, o número de deslocados supera os 52 mil.

A declaração de Biden surgiu depois de um telefonema com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o segundo nos últimos três dias, em que o Presidente norte-americano sublinhou “o apoio ao direito de Israel se defender contra ataques de rockets indiscriminados”.

Biden “encorajou Israel a fazer todos os esforços para assegurar a protecção de civis inocentes” e “expressou apoio a um cessar-fogo”, de acordo com o comunicado da Casa Branca. O Presidente dos EUA disse ainda estar a trabalhar com o Egipto e outros países para tentar encontrar uma saída que permita o fim da violência em Gaza.

Apesar do sinal dado por Biden, os EUA bloquearam na segunda-feira a adopção de uma resolução pelo Conselho de Segurança da ONU em que era pedido o cessar-fogo para a ofensiva israelita sobre Gaza. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, avisou para a aproximação de uma “crise de segurança e humanitária incontrolável”.

Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), cerca de 47.000 dos deslocados procuraram abrigo em 58 escolas administradas pela ONU em Gaza, afirmou Jens Laerke, porta-voz da organização sediada em Genebra.​

Laerke disse que 132 prédios foram destruídos e 316 severamente danificados, incluindo seis hospitais e nove centros de saúde primários, bem como uma central de dessalinização, afectando o acesso à água potável a cerca de 250 mil pessoas.

À entrada para a segunda semana de violência na região, tem aumentado a pressão internacional para que Israel termine rapidamente a sucessão de bombardeamentos sobre o território de dois milhões de habitantes. Entre os mais audíveis estão os líderes de França e do Egipto, que têm estado em conversações para alcançar um acordo.

No entanto, a pressão maior sobre a Casa Branca é interna. Vários congressistas e senadores democratas, incluindo o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, têm pressionado Biden a ser mais assertivo junto de Israel para travar a escalada de violência.

O Governo israelita tem mantido a posição adoptada desde o reacendimento do conflito: o objectivo principal é enfraquecer ao máximo o Hamas, o grupo que governa Gaza, e só depois negociar um cessar-fogo.

Durante a madrugada, as forças israelitas continuaram a atingir vários alvos em Gaza, atingindo instalações que servem para o lançamento de rockets contra Israel, de acordo com o porta-voz das Forças de Defesa Israelitas (IDF), Hidai Zilberman, citado pelo Jerusalem Post. Nos últimos três dias foram destruídos 65 mecanismos deste género.

Israel tem sido acusado de bombardear indiscriminadamente zonas onde estão civis, assim como edifícios não militares, como o prédio onde funcionavam várias agências noticiosas internacionais. As autoridades palestinianas dizem que já morreram 212 pessoas desde o início da ofensiva israelita, incluindo 61 crianças.

As forças israelitas dizem estar a responder ao lançamento de rockets pelo Hamas para atingir cidades próximas da fronteira com Gaza. Segundo o Governo de Telavive, foram disparados cerca de 3350 rockets, a larga maioria dos quais interceptada pelo sistema antimísseis conhecido como Cúpula de Ferro, que mataram dez pessoas, incluindo duas crianças.

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