Número de funcionários públicos aumenta 3% e aproxima-se dos níveis de 2012

No final do primeiro trimestre de 2021, havia 725.775 trabalhadores no Estado. Ganho médio mensal fixou-se em 1798,2 euros, o nível mais elevado de que há registo.

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Manuel Roberto

Em ano de pandemia, o número de trabalhadores das administrações públicas teve o aumento homólogo mais expressivo desde que há registo, aproximando-se a passos largos dos níveis de 2012, e o ganho médio mensal atingiu, em Janeiro, o valor mais elevado de sempre. Estas são as principais conclusões que se podem tirar da síntese estatística do emprego público divulgada nesta terça-feira pela Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP).

No final do primeiro trimestre de 2021, as administrações públicas tinham 725.775 trabalhadores, mais 3% do que no período homólogo (o que corresponde a 21.345 pessoas). Trata-se do aumento mais expressivo desde que a DGAEP compila estes dados, levando a que o número de funcionários públicos se aproxime dos níveis de 2012, quando o Estado empregava à volta de 726 mil trabalhadores.

O número de trabalhadores do Estado atingiu um mínimo de 647.774 trabalhadores no terceiro trimestre de 2014, depois de três anos de forte redução na sequência das medidas tomadas durante a permanência da troika em Portugal. No terceiro trimestre de 2015, o número de funcionários públicos começou a aumentar a um ritmo moderado, que se foi intensificando nos anos mais recentes, até atingir o recorde de 3% em 2021.

Olhando apenas para a administração central, fica claro que este aumento está relacionado com a pandemia e com a necessidade de reforçar os recursos humanos dos hospitais e organismos do sector da saúde.

Os dados mostram que o aumento do emprego verificado entre o primeiro trimestre de 2020 e o de 2021 ocorreu essencialmente nas Entidades Públicas Empresariais (EPE) do Serviço Nacional de Saúde (que empregavam mais 7892 pessoas) e entre os trabalhadores destes organismos nas carreiras de assistente operacional (mais 2868 trabalhadores), enfermeiro (mais 2695), médico (mais 843) e técnico de diagnóstico e terapêutica (mais 676).

O sector da educação, como acontece tradicionalmente, também contribuiu para o aumento do emprego no Estado, com mais 5917 trabalhadores, a sua maioria integrados em carreiras de educador de infância e de docente do ensino básico e secundário.

Em comparação com o trimestre anterior, o emprego aumentou 6828 postos de trabalho (o que corresponde a uma subida de 1%), “em resultado particularmente do aumento do emprego da administração central (mais 4328 postos de trabalho, correspondente a uma variação trimestral de 0,8%)”, lê-se no destaque da DGAEP.

Ganho médio mensal no nível mais alto 

Os dados da DGAEP dão ainda conta de um aumento expressivo do ganho médio mensal dos trabalhadores das Administrações Públicas, atingindo o nível mais elevado desde 2011.

Em Janeiro, o ganho médio mensal, que inclui prémios, subsídios regulares e horas extraordinárias, era de 1798,2 euros brutos por mês, um aumento de 0,5% em comparação com Outubro do ano passado e de 1,7% em relação a Janeiro de 2020.

Também aqui, o sector da saúde foi aquele que mais contribuiu para esta subida, tendo o ganho médio aumentado 2,7% para 2168,2 euros mensais.

A remuneração base média mensal teve uma subida homóloga de 0,6%, por efeito essencialmente da actualização do valor do salário mínimo nacional e do valor da base remuneratória para 665 euros.

Olhando para a estrutura do emprego público, não se registaram alterações face ao passado: 75,7% dos funcionários pertencem a entidades da administração central, 17,3% da administração local, 5,5% da administração regional e 1,5% aos fundos de segurança social.

A taxa de feminização no sector continua a ser elevada - 61,2% dos trabalhadores das administrações públicas eram mulheres - situando-se 11,6 pontos percentuais acima do total da população activa (49,6%).

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