Rio prepara-se para endurecer oposição ao Governo

A menos de meio ano das autárquicas, o líder do PSD reconhece que a “degradação acentuada da governação” obriga o partido a mudar a agulha e a ser mais assertivo na oposição.

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Rui Rio visitou Museu do Holocausto no Porto LUSA/ESTELA SILVA

Com a pandemia controlada e a legislatura quase a fazer dois anos, Rui Rio admite ajustar a forma de o PSD fazer oposição ao Governo de António Costa por entender que o país está “numa fase de degradação acentuada da governação”.

Embora reconheça que para as sondagens o Governo socialista está “altamente pujante e com forte apoio no eleitorado”, Rio considera que, neste momento, o país está “numa fase de degradação acentuada da governação”, competindo ao PSD acentuar a sua posição.

As declarações do presidente dos sociais-democratas feitas esta segunda-feira, no Porto, visam responder a Alberto João Jardim que, num artigo de opinião, intitulado Novo rumo para o PSD nacional, faz críticas à sua liderança, reclamando uma “oposição efectiva”.

“O PSD tem de ‘acordar’ e ‘mudar já’ e ‘não esperar pelos resultados das eleições autárquicas’”, defende Jardim, frisando que é preciso “desmontar as mentiras de Costa”.

Esta é a segunda vez que Rui Rio comenta as declarações do ex-presidente do Governo Regional da Madeira - a primeira foi sexta-feira, dia em que saiu o artigo - e das duas vezes dá-lhe razão. “Tive oportunidade de ver com atenção e reconheço que algumas coisas que ele [Alberto João Jardim] diz tem razão” admitiu Rio esta segunda-feira, no Porto, em declarações aos jornalistas à saída de uma visita ao Museu do Holocausto.

Perante as críticas do ex-presidente do Governo Regional da Madeira, Rio, prometeu ajustar o posicionamento do PSD “às circunstâncias em cada momento”. “Reconheço que compete ao partido da posição quando a situação se está a degradar da forma que se está a degradar acentuar a sua oposição”, declarou, salvaguardando, porém, que “há momentos para tudo”, numa referência ao início da pandemia e ao início de uma legislatura. “Outra coisa – disse – é a meio da legislatura e estar o ambiente a degradar-se fortemente. São coisas diferentes e, portanto, reconheço que o doutor Alberto João Jardim tem alguma razão no que diz”.

O líder social-democrata não vê o artigo de opinião de Jardim como uma crítica à sua liderança e explica porquê “Não posso olhar para qualquer opinião e achar que é desde logo uma crítica. As coisas não são assim, vivemos em democracia, há liberdade, desde que as ideias sejam genuínas e sentidas como é o caso, nós devemos de respeitar. Quando é gente com agenda, (...) a ver o melhor ângulo para dizer mal isso não merece qualquer credibilidade”.

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