No concurso de Miss Universo, a concorrente da Birmânia apela: “O nosso povo está a morrer”

“Gostaria de encorajar todos a pronunciarem-se sobre a Birmânia”, disse Thuzar Wint Lwin. A modelo de 22 anos ganhou o prémio de Melhor Traje Nacional, em que usou um traje étnico do povo Chin.

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A modelo Thuzar Wint Lwin ergue um cartaz em que se lê "Rezem pela Birmânia”. Reuters/MISS UNIVERSE

Thuzar Wint Lwin, a concorrente da Birmânia a Miss Universo de 2020 — cuja competição foi adiada para este ano devido à pandemia da covid-19 —, usou o desfile de domingo para apelar ao mundo para que pronuncie contra a junta militar do país, que tomou o poder no golpe de Estado de 1 de Fevereiro.

“O nosso povo está a morrer e a ser alvejado pelos militares todos os dias”, disse numa mensagem de vídeo. “Gostaria de encorajar todos a pronunciarem-se sobre a Birmânia. Como Miss Universo Birmânia, desde o golpe, tenho-me manifestado o máximo que posso”, acrescentou.

Thuzar Wint Lwin está entre as dezenas de celebridades da Birmânia que se manifestaram contra o golpe, no qual a líder eleita Aung San Suu Kyi foi derrubada e detida. Segundo a Associação de Assistência de Presos Políticos, uma organização activista birmanesa sem fins lucrativos, já foram mortas pelas forças de segurança pelo menos 790 pessoas, mais de 5000 foram presas, e cerca de 4000 detidas, incluindo várias personalidades públicas.

A concorrente não chegou à última fase do concurso, mas ganhou o prémio de Melhor Traje Nacional. A modelo de 22 anos baseou-se no traje étnico do povo Chin, que vive sobretudo no noroeste da Birmânia, onde os combates entre o exército e as milícias anti-junta têm crescido nos últimos dias. Ao desfilar, Lwin ergueu um cartaz em que se lia “Rezem pela Birmânia”.

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