Jovens comunistas juntam-se em congresso envoltos em “mil lutas”

JCP realiza reunião magna em Vila Franca de Xira, com 250 delegados, com os olhos postos no ensino e no trabalho jovem. Jerónimo de Sousa discursa no encerramento.

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Em Março, no centenário do PCP, foram os jovens que desfilaram por locais emblemáticos da baixa de Lisboa para a história do partido. Nuno Ferreira Santos

São “mil lutas no caminho de Abril”, aquelas que os jovens comunistas têm pela frente, como diz o lema do 12.º congresso que realizam neste fim-de-semana em Vila Franca de Xira. E, para isso, há que “organizar, transformar” a sociedade portuguesa, como diz o resto do título da reunião magna que irá juntar cerca de 250 delegados no Ateneu Artístico Vilafranquense, onde Jerónimo de Sousa visita uma exposição neste sábado e discursa no domingo, no encerramento do encontro que era suposto acontecer a cada três anos mas em 2020 não havia condições para tal.

“Neste momento de uma grande crise estrutural que se agravou com a pandemia, há grandes desafios para os mais novos discutirem”, afirma ao PÚBLICO Inês Rodrigues, da direcção nacional da Juventude Comunista Portuguesa (JCP). Até porque quatro anos “é muito tempo na vida da juventude, há muitas transformações”.

“Na educação, a maior dificuldade com que todos lidam, independentemente da idade, é o que é preciso recuperar do que se perdeu com o ensino à distância, com as dificuldades de muitos alunos para assistirem a aulas online. No secundário, os alunos vão em breve ter um momento agora mais exigente com os exames. No superior, fizemos há duas semanas uma período de luta pelo fim das propinas - num momento em que muitas famílias perderam rendimentos, todos conhecemos casos de abandono por falta de verbas”, vai descrevendo a militante de 19 anos, estudante de Geografia e Planeamento na Universidade do Minho.

Depois, há os jovens trabalhadores, os grandes alvos dos contratos precários, que viram o emprego fugir-lhes com o avanço da pandemia - pelo menos os que na altura ainda o tinham e não haviam sido arrastados para o desemprego no final de períodos experimentais ou estágios. A JCP tem de “olhar para estas dificuldades e traçar linhas de trabalho para organizar os jovens”, descreve Inês Rodrigues.

No congresso, os jovens vão aprovar um extenso projecto de resolução política, em que o ensino ocupa uma fatia de leão, mas no qual não faltam orientações sobre o movimento associativo, a igualdade, habitação, cultura, defesa nacional, transportes, saúde ou desporto.

Inês Rodrigues conta que a pandemia trouxe dificuldades acrescidas ao trabalho a Juventude Comunista no último ano. “Vivemos muito do contacto directo com a juventude por sector de actividade: há as células do ensino secundário, do superior e do ensino profissional, e ainda a ligação aos jovens trabalhadores. A pandemia dificultou esse contacto e obrigou-nos a arranjar outros meios.”

A JCP não tem um líder como o partido - é coordenada por uma direcção nacional composta por cerca de três dezenas de militantes - e vai eleger uma nova direcção nacional. Não há, segundo Inês Rodrigues, idade mínima ou máxima para integrar o órgão máximo do partido, tendo os membros mais novos 14 e 15 anos. Idades relativamente novas que resultam do trabalho nas escolas secundárias, mas que a militante admite que tem falhado no ensino profissional, uma faixa mais velha, que está já mais virada para os partidos em si e não tanto para as juventudes partidárias.

Tal como em Novembro o PCP, também agora a JCP realiza um congresso ainda sob medidas de segurança sanitária, mas isso não impede que os cerca de 250 delegados desfilem no domingo pelas ruas de Vila Franca de Xira, cumprindo a tradição de animarem o local onde se reúnem.

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