Proibir o uso de carvão é a “última esperança” para limitar aquecimento global, diz presidente da COP26

A pandemia fez crescer o uso do combustível fóssil e os níveis de emissão de gases com efeito de estufa podem atingir valores anuais recorde. Faltam seis meses para a próxima conferência do clima.

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Alok Sharma, o presidente da COP26 discursa marca as prioridades da cimeira que irá decorrer em Novembro RUSSELL CHEYNE/Reuters

A seis meses da 26.ª Conferência das Partes (COP26) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, o presidente britânico da COP26, Alok Sharma, estabelece a “prioridade pessoal” de deixar o carvão no passado, enquanto o mundo enfrenta a “última esperança” para limitar os efeitos das alterações climáticas. Num discurso divulgado esta sexta-feira, Sharma identifica as principais ambições da próxima cimeira, que se realizará entre os dias 1 e 12 de Novembro em Glasgow.

“Esta é a nossa última esperança de atingir a meta de 1,5 graus. A nossa melhor hipótese de construir um futuro mais verde, com empregos sustentáveis e um ar mais limpo. Tenho esperança de que os líderes mundiais estarão à altura da ocasião”, continuou Sharma. “Glasgow deve ser a COP que deixa o carvão e os mercados de carbono no passado. É tecnologia antiga”, acrescentou.

A meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus em relação aos valores pré-industriais foi um dos objectivos do Acordo de Paris, assinado em 2015 na COP21 por 196 países. Mas nem por isso foram postas em prática muitas resoluções. A falta de regulamentação em torno dos mercados de carbono, para muitos um dos pontos centrais, ficou por estabelecer na cimeira anterior. A solução foi adiada para este ano.

Além da ambição de atingir a neutralidade carbónica, Sharma estabeleceu como prioridades da cimeira ajudar a adaptação das pessoas e da natureza às mudanças climáticas que vão acontecer inevitavelmente, e incentivar o financiamento para ajudar as nações mais pobres numa transição verde.

O responsável pela cimeira apela à acção conjunta durante esta “década decisiva” para lançar “uma estratégia consistente para reduzir as emissões nos próximos dez anos”, usando “a pandemia de covid-19 para repensar as nossas economias”. E afirmou estar a trabalhar com vários governos e organizações internacionais para cortar o financiamento dos combustíveis fósseis, em especial o carvão, considerado o mais poluente.

Um sinal promissor de que as metas climáticas podem surtir efeito vem de uma análise do think-tank  Climate Action Tracker , refere a BBC. Segundo os novos objectivos globais para as alterações climáticas, as previsões do aumento da temperatura reduziram-se em 0,2 graus. Ainda assim, os valores mantêm-se acima do estipulado no Acordo de Paris.

Mas a cimeira enfrenta diversos desafios, com cada vez mais nações a ficar para trás nos objectivos climáticos. Começando pelo Governo britânico, que tem sido criticado por não corresponder ao exemplo que ambiciona ser para o mundo, diz o diário The Guardian. Em causa está a proposta de uma nova mina de carvão em Cumbria e a discrepância, dizem os críticos, entre os apelos do Governo em matérias de resposta climática e as políticas que põe em prática.

Para além disso, como mostra a Agência Energética Internacional, a pandemia só motivou um maior uso do combustível fóssil. Consequentemente, a emissão de gases com efeito de estufa disparou o ano passado. Se se manterem os níveis, a agência prevê que os valores disparem para o maior salto anual registado.

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