O cruel abandono do povo palestiniano

Como noutros exemplos vitoriosos, faz falta a luta unida de todo o povo palestiniano para levar a bom porto a sua independência. O mundo tem de acordar, exigindo o respeito pelo direito internacional.

O mundo desinteressou-se pelo conflito entre Israel (ocupante) e os palestinianos dos territórios ocupados.

Lembremo-nos do quanto doeu aos timorenses o fazer de conta que se não vê o sofrimento e a opressão de uma ocupação.

Sucessivos governos israelitas, violando grosseiramente o direito internacional, mantêm a ocupação direta ou indireta sobre a Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Leste, tendo em relação a esta parte, com o apoio dos EUA, declarado Jerusalém capital da potência ocupante.

Israel, de cima de sua supremacia militar, vem expropriando famílias palestinianas, alargando os colonatos (totalmente ilegais) e submetendo o povo palestiniano à miséria, à dor, à vergonha e à exasperação na sua própria terra.

Apelando à vinda de judeus de todos os cantos do mundo para Israel (que nunca foi a sua pátria), oferecem-lhes colonatos e expulsam pastores, agricultores, comerciantes, a população que ali nasceu e os seus antepassados desde há milénios.

A tudo isto o mundo assiste de braços cruzados, fazendo de conta que é uma luta entre ocidentais (que partilham as competições europeias de futebol, o festival da canção, entre tantas outras) e terroristas palestinianos.

O que aconteceu recentemente foi mais uma provocação israelita contra a presença indefesa e massiva (sobretudo de jovens) na mesquita Al-Aqsa, a terceira mais importante após as de Meca e Medina na Arábia Saudita. Trata-se de um local sagrado para os palestinianos muçulmanos, assim como o Santuário de Fátima o é para os católicos portugueses.

A tropa e a polícia israelita invadiram e expulsaram os palestinianos que se encontravam em oração na mesquita e logo o rastilho se incendiou.

À provocação montada por Israel respondeu o Hamas com o lançamento de rockets para território israelita, tentando impedir que aquela luta da juventude e população palestiniana tivesse o seu rumo independente.

Muito provavelmente, Netanyahu aproveitou, desvairado com o processo de corrupção em tribunal e desesperado face à luta dos palestinianos e, em colaboração com a ultra/extrema-direita, ordenou os bombardeamentos de Gaza cujas mortes não param, incluindo de crianças.

É de sublinhar que a mobilização da juventude palestiniana surpreendeu tudo e todos. É esta juventude parte integrante do povo que quer sair do impasse militar, pois os confrontos militares nas condições de Gaza e até da Cisjordânia só favorecem, como vem sendo demonstrado pelo menos desde os Acordos de Oslo, Israel.

Como noutros exemplos vitoriosos, faz falta a luta unida de todo o povo palestiniano para levar a bom porto a sua independência.

O ciclo de violência militar imposto por Israel dificilmente será derrotado nesse terreno. Os próprios países árabes não estão preocupados com a Palestina.

O impasse criado pelo Hamas e pela Autoridade Palestiniana, ambos desprezando o trabalho político de unir todo o povo palestiniano sem sectarismo, só favorece a ocupação.

Começa a ser cada vez mais evidente a importância de uma liderança da luta palestiniana que coloque, para alcançar o objetivo da independência, a unidade de todo o povo acima de tudo e de todos os interesses particulares. Se o caminho não passar por aí, os que querem o povo refém de estratégias fundamentalistas ou de subserviência imporão as suas regras do jogo e Israel continuará a metralhar a população e a manter a ocupação. O mundo tem de acordar, exigindo o respeito pelo direito internacional.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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