Há novo líder na Volta a Itália. Oliveira sai do pódio

Numa etapa de alta montanha, o português Nélson Oliveira perdeu o contacto ainda muito cedo e deixou o pódio da prova, enquanto João Almeida rodou entre os melhores durante grande parte do dia e cortou a meta em 16.º lugar.

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Gino Mader, vencedor da etapa DR

Attila Valter (FDJ) é, aos 22 anos, o novo líder da Volta a Itália. Nesta quinta-feira, na etapa 6, Gino Mäder (Bahrain) foi o vencedor do dia, fazendo vingar a fuga, mas foi o húngaro Valter, o primeiro magiar a liderar uma Grande Volta, quem deitou a mão à camisola rosa, aguentando-se perto do grupo dos favoritos ao triunfo final - algo que o anterior líder, Alessandro De Marchi, não foi capaz de fazer.

Numa etapa de alta montanha, o português Nélson Oliveira perdeu o contacto ainda muito cedo e deixou o pódio da prova (é agora 37.º), enquanto João Almeida, já atrasado na geral (28.º), rodou entre os melhores durante grande parte do dia e cortou a meta em 16.º lugar, pouco antes de Rúben Guerreiro (actual 23.º classificado).

O trabalho de Almeida acabou por ser relevante para Remco Evenepoel, que foi um dos vencedores do dia: mostrou força, chegou ao segundo lugar da geral e parece estar em subida forma, depois de nove meses sem correr.

No prisma oposto, nota para nova desilusão de Simon Yates. Para muitos apontado como grande favorito a triunfar neste Giro, o ciclista britânico voltou a mostrar fragilidades numa fase em que deveria ganhar tempo aos rivais, para compensar a presumível perda no contra-relógio da última etapa.

Várias tentativas de fuga

Como se esperava, a etapa teve vários motivos de interesse. Houve mais do que uma tentativa de fuga, a última das quais acabando por ter oito ciclistas. Foi essa que vingou. Nesse lote, havia um ciclista particularmente capaz em etapas de “sobe e desce” – sobretudo na vertente do “desce”.

Matej Mohoric, sempre “louco” e audaz nestes terrenos, conseguiu destacar-se numa das descidas e “rebocou” três companheiros de fuga: Bauke Mollema, Dario Cataldo e Gino Mäder.

O pequeno grupo chegou a rodar cinco minutos à frente de um pelotão que vivia uma situação peculiar: uma bordure em alta montanha. Estas divisões no grupo são comuns em zonas planas com muito vento, provocando cortes, mas viu-se uma situação deste tipo em terreno montanhoso.

O português João Almeida chegou a ficar para trás numa destas bordures, mas acabou por recuperar a posição junto de Remco Evenepoel no grupo principal. “O João teve um dia mau, mas hoje vai estar ao meu lado, como sempre esteve”, tinha prometido o belga, antes da etapa.

A cerca de 40 quilómetros do final, o pelotão deixou sair três ciclistas, dois deles relevantes para a classificação: Romain Bardet e Giulio Ciccone, acompanhados por Alberto Bettiol.

Ainda pareceu que o trio iria chegar aos fugitivos, mas o “comboio” Filippo Ganna, a liderar o pelotão quase sozinho, tratou de recolocar os três ciclistas no grupo principal. Foi já dentro dos dez quilómetros finais que terminou o trabalho tremendo do italiano da INEOS, numa fase em que a fuga já não era um quarteto, mas um trio – Mohoric, depois do esforço durante todo o dia, ficou “a pé”.

Mas não foi trabalho em vão. Gino Mäder, companheiro de Mohoric na Bahrain, pôde resguardar-se durante a etapa e guardar forças para atacar na fuga já nos últimos quilómetros.

Bernal mexeu

No grupo dos favoritos houve ataque de Egan Bernal, vencedor do Tour 2019, com resposta mais competente de Evenepoel, Ciccone e Dan Martin. Nesta fase, João Almeida, até pelo trabalho feito anteriormente na cabeça do grupo, já não teve pernas para acompanhar o líder da Deceuninck, mas chegou à meta pouco depois dos favoritos.

Venceu Mäder, que resistiu na frente – terá de dar um grande abraço a Mohoric, pelo trabalho do esloveno durante o dia –, celebrou o jovem Valter, destacaram-se Bernal, Evenepoel e Ciccone e desiludiu Yates, com mais uns segundos perdidos.

A etapa 7, agendada para esta sexta-feira, é das que mais animam os espectadores. Será maioritariamente plana, mas com duas subidas: uma ainda cedo na etapa e provavelmente sem efeitos relevantes, e uma segunda já dentro dos últimos dois quilómetros.

Serão cerca de 150 metros com pendentes de 12% que abrem o lote de favoritos: pode dar para um sprinter com boas pernas para subir (Ewan, Bevin ou Sagan), para um puncheur explosivo (Ulissi ou Battaglin) ou mesmo para um trepador com boa capacidade de sprint – aqui, poderá entrar em cena um corredor como João Almeida, assim permita a Deceuninck. O final promete.

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