Covid-19. Casos de variantes indianas estão a aumentar na União Europeia

Além de Portugal, já foram identificados casos das variantes indianas em outros 13 países da União Europeia. Centro Europeu para o Controlo e Prevenção de Doenças diz que a vacinação deve continuar a ser alta prioridade para reduzir a mortalidade e transmissão.

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Face ao aumento de casos da variante indiana na Europa, o ECDC reforça que a vacinação é a prioridade Reuters/SARAH MEYSSONNIER

As variantes indianas do novo coronavírus têm sido cada vez mais identificadas em outros países e há indicações de que na União Europeia (UE) está a aumentar a detecção de duas dessas estirpes, segundo o Centro Europeu para o Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC, sigla em inglês).

De acordo com o relatório, as três variantes indianas identificadas “têm perfis de mutação distintos”, que justificam uma avaliação individual, e a informação disponível sobre a sua transmissibilidade, gravidade da doença e potencial de fuga imunológica relativamente a outras variantes que também circulam no espaço europeu é ainda muito limitada.

“Ainda não é possível avaliar o impacto total destas variantes na saúde pública”, referiu o Centro Europeu para o Controlo e Prevenção de Doenças, no documento divulgado esta quarta-feira. O conhecimento insuficiente sobre estas novas variantes obriga a que as medidas para evitar a propagação da covid-19 se mantenham, recomenda o organismo europeu.

"É necessária uma maior compreensão dos riscos relacionados com estas variantes antes que qualquer modificação das medidas actuais possa ser considerada”, referiu o ECDC no mesmo relatório. Além de Portugal, também foram identificados, ainda que em proporções reduzidas, casos das variantes indianas em outros 13 países da UE: Alemanha, Dinamarca, Irlanda, Bélgica, Luxemburgo, Países Baixos, Suécia, França, República Checa, Espanha, Grécia, Itália e Polónia. 

Vacinação deve ser prioridade

A vacina contra o SARS-CoV-2 deve “continuar a ser uma alta prioridade para reduzir a mortalidade” e para reduzir a transmissão, como foi possível documentar em Israel e no Reino Unido.

O organismo responsável pelo controlo de doenças alerta, contudo, que a cobertura de vacinação “em todos os países da União Europeia” continua “em níveis baixos”. Por isso, aconselha prudência no relaxar das medidas para evitar a propagação do vírus, “incluindo as relacionadas com viagens”. O relatório indica que a percentagem de população com pelo menos uma dose já tomada varia entre entre 11,2% (Bulgária) e 51,4% (Hungria) nos países da UE, sendo que 12% dos adultos dos 27 já foram completamente imunizados.

Na Índia, o ritmo de vacinação sofreu uma queda muito acentuada, com menos de 700 mil doses administradas em 24 horas. Desde o arranque da campanha de vacinação no país, a 16 de Janeiro, foram administradas 170 milhões de doses, correspondendo a cerca de 10% da população com pelo menos uma dose e 3% com a vacinação completa.

O relatório salienta também ser necessária "uma maior caracterização destas variantes para permitir uma avaliação completa das suas potenciais implicações para a saúde pública”.

Para melhor perceber e avaliar as potenciais implicações das estirpes indianas na saúde pública, “deve ser reforçada a vigilância genómica orientada”, incluindo os casos associados a viagens, ajuntamentos ou surtos, tal como é necessário fazer a caracterização antigénica das variantes do SARS-CoV-2 e “uma vigilância geral reforçada”.

O ECDC recomenda os laboratórios a continuarem atentos para “detectar quaisquer desajustes” em sondas específicas de ensaio RT-PCR em comparação com os genomas dos vírus em circulação.

As três variantes do vírus analisadas foram identificadas pela primeira vez em Dezembro de 2020 na Índia, país onde nas últimas oito semanas foi registado um aumento acentuado do número de casos e mortes associados à covid-19, tal como em países vizinhos.

Esse aumento tem sido relacionado com o crescimento de vírus sequenciados destas novas estirpes. A Índia tem um total acumulado de 23,3 milhões de casos, apenas atrás dos Estados Unidos na lista de países com mais infecções. Soma também mais de 250 mil mortes, o terceiro registo a nível mundial (atrás dos Estados Unidos e do Brasil), e contabiliza cerca de quatro milhões de casos activos.

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