Fotogaleria
Saltar de helicópteros? Elas querem trabalhar como duplos em Hollywood
Escola francesa de duplos Campus Univers Cascades atrai cada vez mais mulheres. "Assim que têm a mínima habilidade, partem directamente para trabalhar com os americanos, ingleses ou o resto do mundo", diz treinador. Estará a indústria a mudar?
Valeriane Michelini era bailarina antes de decidir aproveitar a procura crescente por duplos e embarcar numa carreira a saltar de helicópteros, edifícios e a lutar. Há cada vez mais mulheres a passar pela escola francesa Campus Univers Cascades (CUC), que diz ser o maior centro de formação de duplos do mundo, à procura da sua oportunidade em Hollywood e no cinema europeu. E Michelini é uma delas.
"Estou habituada a prosperar num mundo gracioso e feminino", diz a jovem de 29 anos, entre rondas de lutas simuladas, à agência Reuters. "E agora estou no lado oposto."
Quase um terço dos alunos da escola, localizada em Le Cateau-Cambrésis, são actualmente mulheres. Tendo em conta a crescente procura por super-heroínas na indústria cinematográfica e o desenvolvimento de plataformas de streaming como Netflix, Amazon Prime e Disney+, Marine Dolle, de 24 anos, acredita que virá a ser um bem precioso no mercado de trabalho. "É coreografado, é calculado, é técnico", responde, em relação aos desafios de executar, com segurança, acrobacias perigosas. Às vezes, as alunas nem sequer terminaram o curso e já são chamadas por estúdios dos dois lados do Atlântico.
Por isso, indica o treinador de parkour Malik Diouf, manter o talento dentro de França está a revelar-se difícil: "Há realmente um pequeno grupo de mulheres-duplos. Assim que têm a mínima habilidade, partem directamente para trabalhar com os americanos, ingleses ou o resto do mundo."
Em tempos, era comum que os estúdios recorressem a homens duplos com perucas em vez de mulheres (uma prática conhecida, em inglês, como wigging, derivada de wig, que significa peruca). Num processo judicial histórico em 2018, a americana Deven MacNair processou uma produtora e o sindicato de actores de Hollywood por decidir disfarçar um homem em vez de contratar uma mulher para o mesmo trabalho.
"As atitudes estão a evoluir", disse o director da CUC, Lucas Dollfus. "Já não precisamos de perucas. As mulheres são duronas, em qualquer caso."