Parceria

Festival Livros a Oeste. Online e atento ao público escolar

Sessões com autores foram gravadas previamente. Iniciativa organizada pela Câmara da Lourinhã continua apostada em cativar os alunos para o prazer dos livros e da leitura.

educacao-media,publico-escola,
Foto

“Quantas histórias cabem numa história?” Em ano de reencontro, depois de uma interrupção motivada pela pandemia, este é o tema de mais uma edição do Festival Literário Livros a Oeste, organizado anualmente pela Câmara Municipal da Lourinhã. A decorrer entre 11 e 15 de maio, o festival continua a dedicar especial atenção ao público escolar, com um programa que inclui atividades pensadas para várias idades e níveis de ensino, além de sessões exclusivas para salas de aula. 

Ainda que o alívio das restrições impostas pela covid-19 tenha acabado por permitir a presença de público nalgumas sessões, desta vez é sobretudo online que o Livros a Oeste acontece. “Os momentos destinados ao público infantil foram filmados, com recurso a cenários (evocativo dos livros em questão) e imagens em pós-produção. Mas filmados com os autores, presencialmente”, explica João Morales, programador do festival. “Os alunos vão ver pessoas inteiras e não bustos.” Os conteúdos criados a pensar nos mais novos, “juntando música e a palavra dita ou cantada e até mesmo teatro”, serão transmitidos em simultâneo pelo PÚBLICO na Escola, parceiro da iniciativa. 

A experiência com as escolas do concelho, em anos anteriores (o festival existe desde 2012), mereceu uma adesão “muito boa e muito importante”, continua João Morales, numa resposta enviada por escrito. O público infantil e juvenil, “sendo um público que, muitas vezes, se confronta pela primeira vez com alguns dos convidados” tem opiniões que “são genuínas e sem a contaminação de quaisquer preconceitos”. Estas sessões “são também óptimos pretextos para futuras abordagens em sala de aula, a partir do que se passa com os autores”.

E é fácil conquistar os mais novos para a leitura de livros? Há sinais de esperança? “Todos os que trabalham nesta área são unânimes a reconhecer que a idade de ouro para ganhar uma criança para a leitura, para o gosto por manusear e folhear livros é até ao início da adolescência, período da via em que outros apelos se sobrepõem e há uma tendência natural para colidir com tudo o que se assemelhe a ‘instituído’. Se o trabalho for bem feito na fase inicial da vida, alguns desses leitores regressarão ao entrar na idade adulta, com a vontade de fazer parte do mundo ‘dos crescidos'”, acredita o programador do Livros a Oeste. "De qualquer modo, é fundamental insistir em estratégias disruptivas durante a fase da adolescência, indo ao encontro de novas linguagens e cultivando a noção de que os livros são um passaporte para a liberdade, para a possibilidade de ter opinião contrária aos mais velhos – e defendê-la.”