Mais 662 militares em 2020: é o primeiro aumento em vários anos

De acordo com os dados da Direcção-Geral da Administração e Emprego Público, no final de 2020 havia mais 662 militares nas Forças Armadas portuguesas do que em 2019.

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Forças Armadas aumentaram em número de efectivos, em contra-ciclo com os últimos dez anos Rui Gaudêncio

Há dez anos que o número de efectivos das Forças Armadas vinha descendo, mas em ano de pandemia a tendência inverteu-se. De acordo com dados da Direcção-Geral da Administração e Emprego Público (DGAEP), num artigo publicado pelo Jornal de Notícias, de 2019 para 2020 o saldo foi positivo em 662 elementos. Além de terem sido captados 771 novos militares, o Ministério da Defesa Nacional também registou menos 1189 saídas.

O travão no decréscimo das Forças Armadas terá sido conseguido através desta diminuição das saídas voluntárias (225 na Marinha, 1717 no Exército e 176 na Força Aérea) e do aumento das entradas (771), mas também dos 281 contratos prolongados por via da medida excepcional aprovada pelo Governo para fazer face ao impacto da pandemia.

Ao Jornal de Notícias, as associações de militares admitiram que a crise económica em resultado da pandemia pode ser uma explicação para as novas entradas e para a redução das saídas. "É um ano de forte desemprego, determinado pela pandemia. As pessoas que estão à procura de emprego têm o mercado fechado e vêem nas Forças Armadas uma hipótese”, disse António Mota, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), ao jornal.

​"Nos últimos 10 anos, as incorporações têm descido. Há um ano de pandemia e sobem 700. Isto acontece porque não há alternativa, e as pessoas, para terem emprego, vão para as Forças Armadas”, disse ainda o oficial, prevendo que o mesmo venha a acontecer em 2021​. “Vamos ver quantos desses 771 a mais vão ficar”, questiona Paulo Amaral, da Associação de Praças.

Do lado do Governo, o ministro João Gomes Cravinho afirmou, em Fevereiro, no Parlamento, que as novas incorporação podiam também dever-se à “maior visibilidade” que as Forças Armadas adquiriram por causa da sua actuação em tempo de pandemia.

“Os sistemas de recrutamento conseguiram gerar o volume de candidaturas mais elevado dos últimos quatro anos e o terceiro mais alto da última década. Os sinais positivos são resultado das políticas que têm sido implementadas pelo Ministério da Defesa Nacional, com destaque para o Plano de Acção para a Profissionalização do Serviço Militar”, destacou a tutela.

Embora os dados registados pela DGAEP indiquem que no final de 2020 havia mais 662 militares do que no final do ano anterior, o Ministério da Defesa Nacional (MDN) não forneceu ao JN dados sobre 2019, confirmando apenas que o número de efectivos no ano passado se fixou em 26 630, representando “um ligeiro aumento face ao ano anterior”.

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