A liberdade está a passar pela Ucrânia dos sovietes

Para se sobreviver, tem de se ser livre — e, se noutro lugar não for possível, há que sê-lo pelo menos nos filmes. É para isso que nos impele Mirages of Freedom, foco que o festival BEAST, em colaboração com o Dovzhenko Center, dedica ao cinema experimental produzido na Ucrânia soviética dos anos 60-80. O oásis possível nas areias sufocantes da URSS para ver, finalmente em sala, no Porto.

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Nem sempre se encontram designações tão inspiradas. The Mirages of Freedom, secção que o BEAST dedica este ano ao mal-conhecido cinema experimental ucraniano saído dos anos 60-80, é uma delas. Um período, portanto, ainda pré-Queda do Muro (com excepção de dois filmes, de 90 e 91) que se estende da liderança de Nikita Khrushchev e da herança estalinista a Gorbachev, à Perestroika e aos primeiros ventos de mudança que viriam a derribar todo o bloco soviético. No caso da Ucrânia, só em Dezembro de 1991, na sequência de um referendo nacional, a nação se auto-proclamaria soberana. Entrando No Mar (1965), de Leonid Osyka, curta experimental que poeticamente resgata uma espécie de jardim, ou praia, do Éden, talvez seja o título que melhor joga com uma outra ideia de Utopia, de decepção também (foi acusado pelas autoridades soviéticas da prática dos crimes de lesa-pátria de “existencialismo” e “decadência”).

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