Ewan McGregor entra esta semana na moda Netflix com a mini-série Halston

O criador de moda americano, emblemática figura da Nova Iorque dos anos 1970 e 80, é a nova personagem do actor. Estreia-se dia 14.

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ATSUSHI NISHIJIMA/NETFLIX
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É sintomático que em vésperas da estreia da nova série de televisão protagonizada por Ewan McGregor as conversas se confundam entre dois mestres: um Jedi e um da costura. O actor escocês tem a carreira cosida ao streaming nos próximos tempos. Está a filmar a série Disney+ que o coloca novamente no hábito do mestre Jedi Obi-Wan Kenobi, mas está mesmo, mesmo a estrear-se na Netflix quando, dia 14 deste mês, vestir a pele minimalista e seventies do criador de moda norte-americano Halston.

São cinco episódios, que a Netflix não forneceu de antemão para visionamento, em que McGregor acrescenta uma nova linha a um currículo invulgarmente variado - o Renton de Trainspotting (1996) foi e será uma estrela Star Wars mas também O Escritor-Fantasma (2010) para Roman Polanski ou O Livro de Cabeceira (1996) pansexual para Peter Greenaway e um canoro Christian em Moulin Rouge! (2001), além de o Phillip Morris de Eu Amo-te Phillip Morris (2009) ou o camerlengo dos filmes Dan Brown Anjos e Demónios (2009) e muitas personagens como esta última, menos memoráveis, de permeio. À Hollywood Reporter, dizia na capa que conseguiu ter a carreira que queria, com coisas boas e coisas tontas e muita sorte.

Halston é uma proposta ainda misteriosa, mas cuja premissa é logo chamativa para o sector da moda e para os fãs de McGregor. Amigo de Liza Minnelli, personagem tanto amada quanto odiada, é o centro gravitacional de uma série cuja direcção de arte tem o potencial dos tecidos vaporosos e das cores saturadas dos anos 1970. O elenco inclui Bill Pullman, Krysta Rodriguez como Minnelli, Gian Franco Rodriguez como o companheiro de Halston, Victor Hugo, e ainda Rory Culkin ou Vera Farmiga.

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A história de Halston é também mais uma adenda à cada vez mais longa lista de compras que encontra o que não estava disponível na indústria do cinema na prateleira do hipermercado das séries em streaming. Daniel Minahan, que assina a história e realiza Halston, tentava há mais de duas décadas contar a história de Roy Halston Frowick, o elegante criador de moda que morreu de sida em 1990 deixando um legado de festa, alegria e cortes limpos a chamar à memória as linhas mais puras do Studio 54. Mesmo com uma estrela como McGregor, que anda pela televisão também em Fargo, as plataformas de streaming não agarraram logo a proposta.

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Foi só quando Ryan Murphy, todo-poderoso criador de franchises como American Horror Story ou American Crime Story, se tornou produtor executivo e autor de alguns episódios é que a Netflix, com a qual tem um contrato milionário, aceitou a série. A homossexualidade de Halston, vivida de forma plena em público em tempos difíceis para tal coragem, foi um factor determinante. A biografia foi outro ingrediente. “Cresci no [estado do] Indiana - de onde Halston é - rodeado por campos de milho e igrejas e sempre ouvi falar de duas pessoas que tinham de lá saído para fazer coisas maiores e mais glamorosas: uma era [a cantora e actriz] Florence Henderson e a outra era Halston. Sempre foi uma figura enorme na minha mente - uma representação de alguém que tinha vindo de origens humildes e tinha feito algo incrível com a sua vida - e sempre me comoveu”, disse Murphy à revista Vogue.

A implicação política de desempenhar um papel de um emblemático autor homossexual numa altura em que não só se clama por representação diversificada mas sobretudo por acesso a oportunidades iguais para todos Não escapa a McGregor. “Não sei o que é perder papéis quando se pode sentir que isso se deve à nossa sexualidade”, diz o actor à mesma Hollywood Reporter. É heterossexual mas sentiu uma grande identificação com Halston e que a história não era tanto sobre a sexualidade do designer. “Neste caso - e não quero dar a sensação de que estou a fugir a questão, porque é uma coisa em que pensei muito - suponho que senti, no fim de contas, que [ser gay] era só uma parte de quem ele era.”

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A série limitada, como é classificada para indicar que não há expectativas de uma segunda temporada, fará uma crónica de dois tempos. Os anos 1970 e a travessia mais complexa, empresarial e banalizadora, dos anos 1980 com Halston como ícone de uma série de transformações - entre as quais a de como o designer foi o primeiro a exigir ter modelos negros em todos os seus desfiles.

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