Sindicato de pilotos denuncia pedidos da TAP para voos em folga

Trabalhadores dizem que a atitude revela que “o número de pilotos de que a TAP realmente precisa é superior ao número de que a empresa diz precisar”

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Reuters/Regis Duvignau

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) denunciou pedidos da TAP para que alguns trabalhadores efectuem voos em dias de folga, ao mesmo tempo que afirma ter pilotos em excesso.

Num email enviado na sexta-feira à noite pelo SPAC aos pilotos, a que a Lusa teve este sábado acesso, o sindicato lembrou que a TAP “alegou precisar de apenas 895 pilotos desde 2021 até 2024” e que, “partindo desta premissa, os pilotos fizeram um esforço brutal, cortando 50% dos seus vencimentos, de modo a assegurarem um contingente mínimo de 1200 pilotos em 2021, salvando assim 305 postos de trabalho”.

“Havendo 305 pilotos em excesso, seria de supor que houvesse assistências em número mais que suficiente para suprir qualquer necessidade. No entanto, verifica-se que a empresa está a convidar pilotos para voar em folga, o que vem dar razão ao SPAC, que sempre contestou as métricas operacionais apresentadas pela TAP”, afirmou o sindicato, no comunicado.

Reafirmando que “o número de pilotos de que a TAP realmente precisa é superior ao número de que a empresa diz precisar, o SPAC considera “inaceitável” as posições distintas tomadas pela TAP.

“Da mesma forma que não se compreende que a TAP afirme ter pilotos em excesso e, ao mesmo tempo, peça a pilotos para trabalharem em dias de folga, também é inaceitável que peça isso a alguns pilotos, ao mesmo tempo que coage outros a sair”, sublinhou a direcção do sindicato.

Fonte da TAP reiterou este sábado à Lusa que o actual quadro de pilotos “está sobredimensionado face aos actuais níveis de operação”, uma vez que “a actividade mensal actualmente planeada se posiciona a menos de metade da actividade em igual período de 2019”, num período pré-pandemia.

“O planeamento dos pilotos é publicado até ao dia 15 do mês anterior àquele em que os serviços serão executados e, na realidade, saem com muito pouca actividade e inúmeros dias livres, para além das folgas, dando corpo à operação julgada possível face aos constrangimentos e imposições dos vários Estados como medidas de contenção da pandemia”, explicou fonte da transportadora.

A TAP lembrou que “operar em pandemia pressupõe um acrescido grau de imprevisibilidade da operação real face ao planeamento, feito com antecedência”, o que é causado por “via de cancelamentos ou ajustamentos de voos comerciais, em virtude das medidas dos vários Estados para conter a pandemia, e realização de voos de carga “ad hoc”, desconhecidos na ocasião da realização do planeamento, mas essenciais à sobrevivência da TAP, dado o seu retorno financeiro”.

“Em consequência dos cancelamentos, ajustes e novos voos, as estadias de muitos tripulantes em muitas das rotações que lhe haviam sido planeadas têm de ser aumentadas e, em consequência, acabam por ter impacto nos dias de folgas anteriormente programados, sendo que todos são integralmente repostos aquando do final da rotação”, sublinhou.

A transportadora aérea notou que, “ainda assim, todos os pilotos, mesmo os pilotos que são convidados para as operações que eram desconhecidas aquando da execução do planeamento, chegam ao fim do mês com um número de dias livres e de folgas muito superior, e uma actividade mensal muito inferior, quando comparada com a que seria possível em situação normal”.

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