Como reconhecer o nosso Frankenstein? Jorge Ferraz explica-nos por música

Antecipado no início de Abril com o single Sinfonietta Kids, é lançado esta sexta-feira o duplo álbum Colonial Wars, de Jorge Ferraz, apresentado há duas décadas no PÚBLICO como “o mais sincrético dos artistas que nos idos de 80 incorporam a designada geração Ama Romanta”. Se nessa altura, em 2000, Jorge Ferraz já somava 17 anos de actividade, passando dos Bye Bye Lolita Girl e Santa Maria, Gasolina em Teu Ventre! aos Muad’Dib Off Distortion, Ezra Pound & A Loucura ou Fatimah X, entre outros, a partir de 2006 começou a trabalhar em nome próprio, lançando África Mecânica De Metal (2007), Humanos Abençoados (2010) e Machines for Don quixote ...et... viva la muerte? (2018). Colonial Wars, o seu quarto álbum a solo, é maioritariamente instrumental, com a participação vocal de Ondina Pires na segunda parte, em textos de Artaud, Lorca, Maiakovski e até do Livro do Apocalipse de São João, do Novo Testamento. O segundo single agora lançado, no mesmo dia em que sai o disco, é How to recognise your own logic Frankenstein e o seu videoclipe foi criado por Vasco Bação e Carlos Mendes, os autores do documentário Ama Romanta - Uma utopia que fazia discos.

No texto que serve de apresentação do álbum, Jorge Ferraz explica assim Colonial Wars: “A melhor forma de pensar neste (duplo) álbum de mais de 75 minutos é olhar para os títulos dos seus 27 temas, quase todos instrumentais, bem como para os títulos das suas duas partes. (1. Assassins and Prophets e 2. Poets and Gods). É uma espécie de colectânea de poemas musicais sobre a dimensão mágica, caleidoscópica, fascinante e profundamente assustadora que o nosso mundo, os nossos sonhos e a tecnologia nos oferecem. Lá, onde o biológico se intersecta com o tecnológico, as máquinas ganham propriedades demiúrgicas e os vírus se tornam nossos estranhos irmãos-colonos e adquirem capacidade de sonhar.” Colonial Wars, quarto álbum a solo de Jorge Ferraz, está em exclusivo no Bandcamp.